Região metropolitana debate Confecom em Seminário de Betim

Em preparação para as conferências Estadual e Nacional de Comunicação, a cidade de Betim realizou, na terça-feira (27/10), o 1º Seminário de Comunicação com representantes de diversos segmentos. O tema discutido foi a “Comunicação: meios para construção de direitos e cidadania na era digital”, e a realização do seminário é fruto da parceria da Prefeitura de Betim com a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel). Quinze cidades estiveram representadas no evento.

 Os eixos temáticos debatidos em Betim foram propostos pela direção da Conferência Nacional e divididos em três: “Cidadania de Direitos e Deveres”, que teve palestra proferida pelo integrante do Movimento de Mídia Livre, Altamiro Borges. Para falar sobre “Meios de Distribuição”, o convidado foi o professor da Pós-Graduação da Faculdade Casper Líbero (SP), Sérgio Amadeu. O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Aloísio Morais, falou sobre “Produção de Conteúdo”. O jornalista da Rede Record de Televisão, Paulo Henrique Amorim também participou das discussões, que foram encerradas pelas palavras do Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias.

Falaram também como palestrantes o jornalista Washington Mello, que é assessor de comunicação da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e representante do governo na Comissão Organizadora da Conferencia Estadual e José Guilherme Castro, que representou a Comissão Mineira Pró-Conferência.

A prefeita de Betim, Maria do Carmo, salientou a importância de discutir a comunicação e sua produção no âmbito nacional. “A Granbel com certeza levará suas contribuições ricas e de altura para a comunicação no Brasil”.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) lembrou a dura luta para construir a Conferência e cumprimentou pela iniciativa dos prefeitos de Esmeraldas, Taquaraçu, São Joaquim de Bicas e Lagoa, por estarem presentes no evento.

O deputado estadual Carlin Moura (PCdoB), que é o representante da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na Comissão Organizadora, afirmou que Minas dá um passo importante na sua Conferência, buscando a interface dos temas com a política Estadual de Comunicação. “É preciso a estruturação de um Conselho forte e com a participação popular. Deve haver o fortalecimento dos órgãos públicos de imprensa, como realmente públicos e não estatais”. O deputado lembrou, ainda, que o estado é o único que ainda tem uma concessão em ondas curtas, que é a Rádio Inconfidência, e que também é preciso uma ampliação das TV's Legislativas: “a Conferência estadual pode dar uma grande contribuição para isso”, afirmou. O presidente da Granbel, o prefeito de Lagoa Santa, Rogério Avelar, afirmou que a Associação busca a interlocuções entre os municípios em favor da região metropolitana.

O assessor de comunicação Washington Mello, afirmou que a realização das Conferências tem a função de despertar a população para a discussão e criação de ferramentas para despertar a mobilização popular. Ele fez um resgate histórico e reafirmou os três eixos da Conferência. O secretário lembrou que as propostas a nível estadual serão votadas na conferência, as propostas de nível nacional serão apresentadas e levadas na conferência nacional. Mello criticou que os “donos” da mídia não despertaram para a importância da Conferência e que, por isso, o evento não tem sido devidamente divulgado.

Discussões

O professor Sérgio Amadeu falou sobre os “Meios de Distribuição”, com foco na internet. Ele falou da nova tecnologia e afirmou que a Internet não é somente um meio de divulgação, mas um meio de interação. O professor afirmou que é preciso priorizar a implantação da banda larga em todos os municípios. De acordo com ele, é preciso aumentar as nuvens de conectividade, pois a comunicação “é um direito”. Ele questionou a questão das frequências que serão liberadas com a substituição pela TV Digital. “O que será feito com as faixas de frequência que serão desocupadas quando se encerrarem as transmissões analógicas?” questionou. Sérgio afirmou que esses temas precisam ser discutidos, “é necessária a defesa dos espectros abertos nos white space”. Ele defendeu ainda o anonimato de navegação.

Paulo Henrique Amorim citou que a mídia é dominada pelas famílias Marinho, Mesquita e Frias, os donos da Rede Globo, Estadão e Grupo Folha. Além disso, ele criticou duramente a mídia de hoje, e afirmou que é controlada pelo PIG – Partido da Imprensa Golpista, que por isso é necessário as reuniões pré-conferência para debater o papel da mídia. Ele disse ser inaceitável a Rede Globo ter 50% da audiência e controlar 70% da verba de publicidade. “Em nenhuma nova democracia existe o domínio da mídia por uma única empresa, e nem o controle por apenas três famílias”, afirmou.

Ele afirmou que a imprensa está no centro da democracia brasileira e que o governo precisa mesmo implantar uma internet em grande escala e de forma competitiva. “Nunca houve tanta informação com a internet. “Com a morte dos jornais impressos, quem vai apurar?”. A democracia não vive sem informação, é preciso criar uma imprensa alternativa com qualidade, afirmou.

Para Altamiro Borges, a sociedade está sendo chamada para colocar a mídia no banco dos réus e para apresentar propostas. Ele chamou a atenção para o papel da mídia, que segundo ele tem o papel de informar, mas que também desinforma, manipula, mas que também forja comportamentos. “A mídia tem capacidade de pautar as nossa vidas”, salientou. Altamiro reforçou também a importância de entender os meios de comunicação como direitos humanos.

O encerramento foi feito pelo Ministro de Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Patrus Ananias. Ele afirmou que a sociedade brasileira continua as margens da informação e que é preciso um Brasil que respeite e promova as diferenças, as várias identidades do país. “Os meios de comunicação estão muito aquém do que vivemos hoje”, salientou.

De Betim,
Sheila Moreno