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Serra busca financiamento para "vitrines" nas eleições 2010

Potencial candidato à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), conta com R$ 4,211 bilhões em empréstimos para financiar obras, especialmente as de infraestrutura, em 2010. Esse dinheiro representa 62,03% do total a ser liberado nos seus quatro anos de gestão. Serra vai deixar para seu sucessor algumas obras de grande visibilidade e uma dívida bilionária.

Só no ano que vem, o governo Serra será contemplado com R$ 1,3 bilhão para compra de novos trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Outros R$ 600 milhões serão desembolsados para pavimentação de estradas vicinais.

A avalanche de "investimentos" às vésperas das eleições de 2010 é apontada como uma cartada de Serra para tentar se impor como candidato do PSDB à sucessão de Lula.

Mas Serra só terá inaugurado parcela das obras financiadas, caso se afaste em março do ano que vem para concorrer à disputa presidencial. Dentro do partido, o embate está entre ele e o governador Aécio Neves (MG). Se não concorrer ao Planalto, apesar de até o momento liderar as pesquisas de intenção de votos, Serra poderá ser candidato à reeleição ao governo de São Paulo.

Uma parte expressiva dos 22 empréstimos obtidos no governo Serra ficará para o sucessor –ou para ele mesmo, caso dispute e seja reeleito governador. Segundo estimativa do próprio governo, quase a metade –41,39%– dos R$ 11,6 bilhões negociados só chegará aos cofres do Estado a partir de 2011, um ano depois das eleições. Ou seja: R$ 4,8 bilhões serão gastos na próxima gestão que administrará São Paulo.

Cumprido o cronograma, a gestão Serra entregará 28 novas estações de Metrô, num cronograma que se arrasta até 2014. Mas desde já o governo do Estado está inundando os meios de comunicação com uma séries de comeciais enaltecendo as obras do metrô, sendo que algumas delas ainda nem começaram.

O sucessor de Serra não herdará apenas obras em andamento –comum no processo político–, mas até a assinatura de empréstimos que negociou.

Dos R$ 11,5 bilhões acertados pela atual administração, ao menos R$ 1,7 bilhão só deverá ser contratado a partir de 2011. Em ano eleitoral, os empréstimos com agentes de fomento só podem ser assinados até junho (seis meses antes do fim dos mandatos). E pelo menos seis deles estão com previsão de assinatura a partir de março do ano que vem. Qualquer atraso impõe risco ao cronograma.

Segundo balanço do Estado, o processo de negociação de empréstimo externo consome, em média, dois anos, podendo chegar a três. Até a assinatura, o pedido passa por uma maratona burocrática que envolve até nove diferentes órgãos.

Fora o atraso natural de um processo que consome em média dois anos, um ingrediente político pode contribuir para adiamentos: todos dependem de autorização do Senado, que, em 2010, deverá estar em ritmo mais lento, devido ao fato de os senadores também estarem envolvidos nas eleições.

Com informações da Aquidauana News