Conferência discute educação profissional e o mundo do trabalho

A educação profissional e o mundo do trabalho renderam muitas discussões entre os presentes no auditório do Hotel Orange, sede da XI Conferência Estadual de Educação do Sintepe. As palestras foram apresentadas pelos professores Dante Henrique Moura, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), antigo Cefet, e Zélito Passavante, professor da Escola Técnica Estadual Agamenon Magalhães (Etepam) e Diretor de Comunicação do Sintepe.

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O debate abordou a necessidade de melhorias na educação básica do país. Os conferencistas apresentaram números que comprovam a evasão escolar, o baixo rendimento no ensino, desinteresse dos estudantes, a disparidade no ingresso de alunos das redes privada e pública no ensino superior, e outros pontos que revelam como a educação brasileira ainda é infeciente.

Um dos dados surpreendentes, cuja fonte é a própria Secretaria de Educação do Estado, é referente ao abandono escolar: em Pernambuco, 73 mil alunos abandonaram o ensino médio em 2008. Uma outra pesquisa de âmbito nacional, elaborada pelo Ministério da Educação (MEC), mostra que a primeira causa da evasão escolar é a falta de interesse dos alunos, e em segundo lugar o emprego.

Entre as colocações sobre as melhorias para a educação pública está a do professor Gilberto Sabino, da Escola Estadual Maria Alves Machado, localizada no bairro de Maranguape II, em Paulista. O docente apresentou sua proposta e incentivou os trabalhadores a seguirem na luta: "A gente sabe que é difícil a aprovação de uma lei que obrigue os filhos de políticos a estudarem em escolas públicas. Porém, se tivesse um aluno assim, o ensino público poderia não ser do jeito que queremos, mas seria muito melhor do que é hoje".

Ainda foram destacadas as dificuldades no ensino tecnológico pela forma como é praticado atualmente no país, principalmente em Pernambuco. Em sua apresentação, o professor Zélito Passavante as relações históricas de como a mão-de-obra foi utlizada ao longo dos séculos no Brasil. "O modelo é o mesmo: primeiro foram os escravos, depois vieram os imigrantes e agora o que existe é uma formação de mão-de-obra para os arranjos produtivos locais que estão em expansão no momento", ressalta.

Segundo Zélito, 16 mil alunos são patrocinados pelo governo do Estado para estudar em centros de ensino profissional privados, que receberam R$ 31 milhões de investimentos nos últimos anos, enquanto a rede pública de escolas técnicas possui pouco mais de 2 mil. O diretor questiona os métodos pedagógicos da rede."Eles não estão preprando o ser humano. É um ensino que não indica caminhos principalmente para o vestibular", critica. Ele ainda defende mudanças urgentes na rede: "É preciso uma nova abordagem que tenha como foco a educação integral somada às disciplinas técnicas".

Fonte: site do Sintepe