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Para Aécio, Azeredo foi 'vítima'; Serra não comenta indiciamento

O governador de Minas Gerais e presidenciável tucano, Aécio Neves, fez nesta sexta-feira (4) uma defesa explítica, embora cuidadosa, de seu conterrêneo e correligionário, o senador Eduardo Azeredo, indiciado na véspera pelo STF (Supremo Tribunal Federal) como réu no processo do 'Mensalão Tucano'. Já o governador paulista e também presidenciável do PSDB, José Serra, recusou-se a responder aos jornalistas sobre o tema. Disse que não falaria, porque não queria.

Azeredo "foi vítima do conturbado momento político pelo qual estamos passando", argumentou Aécio. Na quinta-feira, 3, o Supremo aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal e abriu um processo criminal contra o senador. Azeredo é acusado de crimes de peculato (uso de cargo público em benefício próprio) e lavagem de dinheiro num esquema de desvio de recursos públicos durante a campanha de 1998, em que ele concorreu ao governo e foi derrotado por Itamar Franco.

"Ele terá condições de se defender"

Aécio assevereou que Azeredo é um homem de bem e "quem o conhece sabe disso". Mas reconheceu que ocorreram "problemas" na prestação de contas e arrecadação de recursos para a campanha, embora não assumindo o 'Caixa 2" e dizendo que não viu indícios de atuação direta responsabilidade direta do senador tucano.

Usando o mesmo raciocínio de Azeredo, que se negou todas as acusações por meio de nota na noite de quinta-feira, Aécio disse que o senador terá oportunidade de se inocentar. "O senador Eduardo Azeredo não foi condenado. O STF apenas autorizou a abertura de processo e, agora, com serenidade e tranquilidade, ele terá condições de se defender e de provar sua inocência", ressaltou. A formulação expressa solidariedade mas também não coloca Aécio em situação difícil no caso de uma eventual condenação no STF.

O governador mineiroadmitiu que esta foi uma semana difícil para a oposição, marcada pelo 'Mensalão do DEM', onde o principal acusado é um aliado importante do PSDB, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM). "Não foi um bom momento. Mas se me perguntarem se acho que isso terá reflexo na eleição de 2010, não acho que terá", prognosticou. Disse ainda que a eleição de 2010 será "difícil para os dois lados", mas indicou estar "extremamente confiante" em relação às chances da oposição.

Serra: "Não voi comentar; porque não quero"

Já o governador José Serra se recusou a comentar a abertura do processo criminal contra Azeredo. "Eu não vou comentar esse assunto", afirmou o governador. Perguntado pelos jornalistas sobre o motivo do silêncio, respondeu: "Porque não quero".

A recusa em falar com a imprensa aconteceu durante a inauguração de um curso profissionalizante de uma escola técnica estadual em Birigui, no interior do Estado. Durante o eventa, Serra também acusou de ingratidão seu companheiro de PSDB, Afonso Macchione Neto (PSDB), prefeito de Catanduva.

Moradores da cidade entraram na Justiça contra a construção de um presídio no município, contrariando os planos do governo estadual. "Isso é ingratidão, você foi ingrato", reclamou Serra ai cumprimentar o desconcertado prefeito, que viajara mais de 200 quilômetros para assistir à solenidade junto com o governador tucano.

"Ficou parecendo que o município é obrigado a aceitar, mas isso não vai afetar nossa relação. Não vamos polemizar", disse ainda Macchione. Mas Serra, segundo a Agência Estado, virou as costas e entrou na van que o levaria para outro compromisso sem responder aos cumprimentos do colega tucano.

Veja também: STF aceita denúncia contra Azeredo por mensalão mineiro