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As faces pop e ambíguas da Índia

A Índia é pop. O país que sempre intrigou a sociedade ocidental (especialmente depois que os Beatles levaram seus acordes para a Inglaterra e sua filosofia para suas canções) se vê agora num processo inverso: há alguns anos, as tradições do país vêm ganhando espaço no cinema, na TV, na música e em outras manifestações da cultura de massa globalizada.

Para mostrar as contradições da Índia atual, o projeto Urban Manners 2 reúne 11 jovens artistas indianos em uma exposição projetada especialmente para o Sesc de São Paulo, onde fica até abril. Entre as obras, estão esculturas, instalações, pinturas e vídeos inspirados em questões do país asiático e de sua sociedade, como o conflito entre tradição e globalização, imigração, ambiente e poluição, consumismo e pobreza.

Assim como a Índia, os trabalhos dos artistas indianos são ambíguos: usam estruturas, ferramentas e linguagens extremamente modernas, são cercados pelos valores e tradições locais.

É este o caso de The National Product (Gandhi) and Others [O produto nacional (Gandhi) e outros], de Probir Gupta, onde uma estátua do mahatma, colocada em frente a cartazes de lambe-lambe e letreiros de lojas, cria uma atmosfera que brinca com o cotidiano do país. A obra também satiriza a sigla "GNP" (PIB, em português) e faz uma metáfora visual sobre a vida atual na Índia.

Já Pale Ancestors [Ancestrais Pálidos], de Atul Dodiya, traz uma série de 14 gravuras feitas com aquarela. Através de traços finos, formas delicadas e leves e tons pálidos, o artista faz uma espécie de lembrança do próprio ser humano. Com temas repetidos, como crânios e espinhas dorsais, faz um retrato de pessoas comuns em situações comuns.

A exposição foi desenvolvida pela ONG Art for The World (afiliada ao Departamento de Informação Pública da ONU), sediada em Genebra e Milão – onde, aliás, aconteceu a primeira edição da Urban Manners. Além dos artistas já citados, estão na seleção Sheba Chhachhi, Anita Dube, Subodh Gupta, Ranbir Kaleka, Jitish Kallat, Reena Saini Kallat, Raghubir Singh, Thukral & Tagra e Avinash Veeraraghavan.

Fonte: Opera Mundi