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Mantega contesta inflação e lobby por alta dos juros

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que não enxerga na declaração do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, a iminência de um aumento da taxa de juros. Ele disse ainda que torce para que isso não aconteça. "O aumento do compulsório já é uma medida que reduz a liquidez do mercado", disse.

A avaliação foi feita após um almoço com empresários de diversos setores na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na ocasião, Mantega criticou a interpretação do mercado financeiro de que a declaração de Meirelles, de que tomaria uma decisão técnica na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), é uma indicação de alta na taxa básica de juros (Selic).

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PSB-SP), afirmou que o setor tem uma posição firme sobre a política monetária do governo. "Não há a menor dúvida de que, para o bem do País, não há razão nenhuma para o aumento dos juros e nem do spread bancário como temos visto", afirmou ele.

Fatores sazonais

Apesar de deixar claro sua preferência pela manutenção dos juros, Mantega disse que esta é uma decisão do BC e que confia nas ações da autoridade monetária. "O responsável pelos juros é o Banco Central e ele só aumentará os juros se ver risco à meta de inflação este ano", afirmou.

Tanto o ministro quanto a entidade patronal atribuíram a inflação dos dois primeiros meses do ano a fatores sazonais, como as chuvas (que afetaram a produção hortifrutigranjeira), aumento das tarifas de ônibus e de mensalidades escolares.

Segundo o último boletim Focus de expectativas de “mercado”, divulgado nesta segunda-feira pelo BC, o mercado projeta a Selic em 11,25% ao ano no final de 2010, ante os 8,75% ao ano em vigor atualmente. O Copom se reúne nos dias 16 e 17 deste mês para sua segunda reunião de 2010.

Especulação

Para Mantega, aos alertas de inflação são especulações de “mercado”. Segundo o ministro, não há motivos para acreditar em inflação de demanda no país. "O juro privado não deveria subir. Quando sobe o juro futuro, aumenta o custo do País. O mercado está excitando a economia", disse.

Mantega disse que a expectativa de expansão da capacidade de produção da indústria do Ministério da Fazenda é diferente da do setor, ficando em 7 a 8%, mas que "prefere estar errado". O ministro disse ainda que um instrumento para conter a alta dos preços também seria a importação, classificada por ele como válvula de escape.

Mantega afirmou que o superávit primário (“economia” que o governo faz para pagar os juros da dívida pública) deve seguir perdendo enquanto o país crescer mais do que os outros. "O descompasso na balança comercial deve perdurar enquanto tivermos crescimento de 5% e a Europa de 1%",

Com agências