Visita de Bush desperta suspeitas entre os haitianos
Os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e George W. Bush chegaram nesta segunda-feira (22) ao Haiti, para uma visita de um dia, em meio a sentimentos opostos pela presença de Bush, que não goza de muitas simpatias em Porto Príncipe, capital do país.
Publicado 22/03/2010 17:10
Os ex-presidentes criaram a Fundação Clinton-Bush, com o objetivo de arrecadar ajuda para o país caribenho, cuja capital e cidades próximas foram devastadas por um terremoto no dia 12 de janeiro deste ano.
O terremoto deixou mais de 220 mil mortos, 300 mil feridos e mais de um milhão de desabrigados, boa parte dos quais ainda necessitam de barracas de campanha onde possam resguardar-se.
Clinton, que visita o país pela segunda vez depois do terremoto, e Bush se reunirão com membros do governo haitiano e com pessoal que fornece assistência aos desabrigados, com o objetivo de "garantir a reconstrução" da nação, em longo prazo.
Até agora, a fundação de ambos os ex-presidentes arrecadou 36 milhões de dólares para o Haiti, mas nem mesmo assim Bush é bem visto por parte dos haitianos, que acham que cada um de seus gestos esconde algum interesse escuso.
Pierre Jaraque, um dos centenas de haitianos que manejam um tap-tap (os pitorescos meios de transporte) em Porto Príncipe acredita que "George Bush tenta limpar sua imagem, depois de muitos anos nos quais quis pisotear os haitianos".
"Agradeço tudo que tente para ajudar meu país, mas há vezes que tenho que suspeitar, porque se nunca teve boa vontade, como a vai ter agora, no momento em que menos pode fazer?", pergunta Jaraque.
Virgine Cicé, que dava aulas de aritmética em uma das escolas destruídas pelo terremoto, considera que o ex-presidente "não é bem-vindo no Haiti", país no qual foram acantonados 13 mil soldados americanos após o terremoto.
"Ele, Bush, conspirou contra os haitianos e fez todo o possível para depor o presidente (Jean Bertrand) Aristide do poder. Agradeço-lhe a ajuda, mas certamente vem rodeado de muitos guarda-costas, porque tem medo", recordou Cicé, que busca agora um emprego.
A Fundação Clinton-Bush foi criada por iniciativa do atual chefe da Casa Branca, Barack Obama, que enviou ao Haiti 23 mil soldados após poucos dias do terremoto, boa parte dos quais se preparam para ocupar permanentemente o país em uma base nos arredores de Porto Príncipe.
Enquanto isso, milhares de haitianos buscam ainda um abrigo para se protegerm durante a próxima temporada de chuvas ou de furacões, que começa no dia 1º de junho, enquanto muitos outros buscam emprego em uma capital onde centenas de milhares de edificações foram destruídas.
Com informações da Prensa Latina