Jô é aplaudida ao lembrar 64 e o ex-presidente João Goulart

Durante pronunciamento na tribuna da Câmara,a deputada federal Jô Moraes lembrou os 36 anos do golpe militar de 1964, afirmando que este não foi contra uma pretensa revolução comunista: “O movimento que se deu, com apoio explícito das Forças Norte-americanas, não era contra uma pretensa revolução comunista. Eu sou comunista e sei muito bem que não temos acúmulo de forças nem organização suficiente. Nem era o nosso propósito dar um golpe”


Segundo a deputada, o ex-presidente João Goulart também não apresentava nenhuma perspectiva de sociedade comunista. “João Goulart era um presidente que expressava e aplicada as reformas democráticas tão necessárias para que este País avançasse no seu desenvolvimento”. Jô Moraes homenageou todos os que foram vítimas daquele período de exceção – “que deram suas vidas, foram presos, torturados, assassinados, mas que conseguiram fazer com o seu sacrifício, que o Brasil retomasse o caminho do progresso, do desenvolvimento, da soberania e da democracia”.

Reafirmação

A parlamentar também reafirmou sua convicção e fez a defesa de um projeto nacional, voltado sobretudo à distribuição de renda, de forma a tornar o Brasil um País mais equânime e igualitário. Aqui a íntegra do pronunciamento da deputada Jô Moraes: “Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O 31 de março registra um acontecimento histórico. Há 36 anos um golpe foi dado nas instituições, como parte de um processo doloroso de transformação e de mudança da nossa sociedade brasileira. A luta entre o atraso e o progresso, a luta entre a soberania e a dependência, a luta entre a democracia e o autoritarismo. Há 36 anos, esta Casa e as instituições foram golpeadas, mas quero em primeiro lugar deixar minhas homenagens, meu preito a todos que durante aquele período deram sua vida, foram presos, torturados, assassinados, mas que conseguiram fazer com o seu sacrifício que o Brasil retomasse o caminho do progresso, do desenvolvimento, da soberania e da democracia. Essa é uma parte da história do Brasil, desde 1808, com a abertura dos portos por Dom João VI, que entregou este País à Inglaterra, passando pela independência e as dezenas de movimentos revolucionários, como a Inconfidência Mineira, a Revolução Pernambucana e tantas outras, passando também pelo sacrifício de Getúlio Vargas que, naquele momento, era ameaçado pelas forças ocultas não pelo que ele tinha de errado, mas pelo que tinha de positivo em defesa da soberania nacional. Passando também pelo ex-Presidente João Goulart, que ali não apresentava nenhuma perspectiva de uma sociedade comunista.

João Goulart era um Presidente que expressava e aplicava as reformas democráticas tão necessárias para que este País avançasse no seu desenvolvimento. E ali o movimento que se deu, com o apoio explícito das Forças Norte-americanas, não era contra uma pretensa revolução comunista. Eu sou comunista e sei muito bem que não temos acúmulo de forças nem organização suficiente. Nem era o nosso propósito dar um golpe.Por isso, quero dizer que registramos nesse momento, Senhor Presidente, o significado daquele momento, querendo reafirmar as nossas convicções em defesa de um projeto nacional, de um projeto democrático, de distribuição de renda e de um Brasil mais soberano, mais independente e mais igual.Presto minhas homenagens a todos que deram a sua vida naquele momento”.

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