Unasul discute Malvinas, tensão no Paraguai e lei do Arizona
Além da eleição do seu primeiro secretário-geral, da ajuda para a reconstrução do Haiti e do Chile e da situação de Honduras, novos temas foram acrescentados à pauta de discussões da Cupula da Unasul, que ocorre nesta terça (04), na Argentina. O bloco regional deverá se posicionar sobre a situação das Ilhas Malvinas e o Estado de Exceção decretado pelo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, devido ao recrudescimento das ações violentas atribuídas ao Exército do Povo Paraguaio.
Publicado 04/05/2010 10:12
Há duas semanas, Lugo pediu que o Congresso autorizasse o Estado de Exceção para facilitar a captura de guerrilheiros que, desde 2008, praticam sequestros. Segundo o presidente paraguaio, seria possível, a partir do Estado de Exceção, usar as forças militares do Paraguai, que terão ampla liberdade de atuação.
A medida tem sido muito contestada por movimentos sociais e de esquerda paraguaios. Bastante usado durante os mais de 30 anos da ditadura de Alfredo Stroessner, o Estado de exceção permite que sejam implantados toques de recolher, que seja proibida a realização de reuniões públicas, dá abertura para que sejam realizadas prisões sem mandado judiciais, restringe os direitos de manifestação e amplia os poderes das forças militares.
Malvinas
As Ilhas Malvinas, por outro lado, voltaram à cena diplomática no começo de fevereiro, quando o Reino Unido – que em 1982 venceu a guerra contra a Argentina pela posse das ilhas – autorizou que uma empresa iniciasse os trabalhos de exploração de petróleo na região.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, imediatamente rejeitou a pretensão do Reino Unido de explorar petróleo em área considerada plataforma continental argentina. Argumentou que a exploração de petróleo nas Malvinas era uma “violação à soberania do
país”.
A argentina afirma que o Reino Unido rompeu com a resolução 3.149 da Assembleia Geral da ONU, que recomenda aos dois países não "adotarem decisões que envolvam a introdução de modificações na situação" das Malvinas enquanto a disputa não for resolvida.
Apesar dos protestos, a exploração começou mas, no final do mês passado, descobriu-se que o petróleo encontrado no local era de má qualidade. Os países latino-americanos já manifestaram o seu apoio à Argentina durante cúpula do Grupo do Rio, em Cancun.
Outro assunto que deve ter esaço na cúpula da Unasul é a recente lei aprovada no Arizona, Estados Unidos, que trata como criminosos os imigrantes. “Responderemos firmemente a esse atentado aos direitos humanos”, disse o líder equatoriano Rafael Correa, presidente pro tempore da Unasul.
Reunião preparatória
Estes assuntos foram discutidos ao longo do dia de ontem (03) em Buenos Aires, na reunião preparatória da Unasul, que envolveu os ministros das Relações Exteriores dos 12 países do grupo. Nesta terça (04), voltarão a ser discutidos pelos chefes de Estado e de Governo, que deverão explicar a posição da Unasul sobre cada um desses temas.
A reunião do Conselho de Chefes de Estado e de Governo da Unasul começa às 10h30. Às 13h30 está prevista entrevista coletiva para o anúncio do nome do primeiro secretário-
geral da entidade. O ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner é o único candidato.
"Decidimos propor o nome de Nestor Kirchner como candidato para assumir a secretaria do organismo", disse o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, após a reunião. Ele informou ainda que a decisão teria sido por consenso dos 12 países que integram o bloco regional.
De acordo com informações divulgadas pelo Itamaraty, o presidente Lula chegaria a Buenos Aires ainda de madrugada. Depois do encontro da Unasul, Lula viajará às 17h para o Uruguai, onde se encontrará com o presidente José Mujica.
Com agências