Berlusconi quer cortar 24 bilhões de euros do orçamento
O governo italiano anunciou um corte equivalente a 24 bilhões de euros (R$ 54 bilhões) nos gastos governamentais entre 2011 e 2013 para conter o déficit público. O plano de austeridade foi aprovado terça-feira (25) pelo conselho de ministros italiano.
Publicado 26/05/2010 18:43
Deste modo, a Itália se une a outros países europeus como Espanha, Reino Unido, Portugal e Grécia, que também estão promovendo arrocho fiscal para fazer frente à crise da dívida e evitar a moratória. O plano foi aprovado depois de quase uma hora e meia de deliberações e será detalhado nesta quarta-feira (26) em entrevista coletiva pelo primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e o ministro de Economia Giulio Tremonti.
O anúncio do plano coloca fim a duas semanas de especulações da imprensa italiana, que chegou a apontar ajustes orçamentários de 28 bilhões de euros. Em comunicado de imprensa emitido após a reunião, a Presidência do governo ressaltou que o objetivo das intervenções é levar o déficit público a um nível inferior a 3% em 2012, sem dar mais detalhes.
Embora as medidas não tenham sido especificadas foi divulgada uma minuta da reunião do conselho indicando que a classe trabalhadora terá de pagar a conta, a exemplo do que ocorreu nos demais países. O pacote inclui o congelamento dos salários dos funcionários a partir deste ano até 2013. Sobre a aposentadoria, deve ser proposta o alongamento da idade para adquirir o benefício, dos atuais 60 anos para os 65 para mulheres, a partir de 2016.
Também serão endurecidos os requisitos para o acesso a pensões por invalidez e serão reforçados os controles aos solicitantes. Além disso, estão previstos cortes nos ministérios e no financiamento de partidos. O texto propõe ainda uma "anistia" para os imóveis ilegais, o que, segundo as previsões, poderia permitir um arrecadamento de 6 bilhões de euros.
No âmbito empresarial, o plano prevê o aumento de impostos sobre as chamadas stock options e um corte de entre 5% e 10% nos salários superiores a 90 mil e 130 mil euros. Grande parte do peso do plano de ajuste recairá nas regiões, que deverão assumir cortes no valor de 10 bilhões de euros entre 2011 e 2012, enquanto as entidades locais e provinciais pedirão um aumento progressivo da economia, até alcançar os 2,1 bilhões de euros em 2012.
É previsto, além disso, o estabelecimento de uma "contribuição de estadia" para os turistas que pernoitarem em hotéis em Roma, uma possibilidade que levantou críticas da associação hoteleira Federalberghi. Os representantes da classe trabalhadora não gostaram das medidas.
O secretário-geral da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Guiglielmo Epifani, deplorou que o maior "sacrifício sempre seja pedido aos funcionários públicos e privados" e ressaltou que, no plano do Governo, não há nenhuma medida para apoiar "os investimentos". "É um programa que não mantém um princípio de equidade", disse Epifani, que afirmou que os sindicatos poderão convocar uma greve geral em protesto ao plano, após avaliar detalhadamente as medidas.