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Paul Krugman: Ainda estamos no mundo do paradoxo da poupança

Esta manhã a Bloomberg publicou uma reportagem sobre como o investimento empresarial – uma das poucas fontes de força econômica nos últimos tempos – está apresentando sinais de enfraquecimento. Por quê? Isso é decorrência das preocupações com o crescimento econômico como um todo.

Paul Krugman*

A situação deveria servir como um lembrete de que ainda nos encontramos num mundo no qual vale o paradoxo da poupança.

Em períodos de normalidade, acreditamos que uma maior poupança, seja pública ou privada, leve a um maior investimento, pois mais recursos são liberados para tal finalidade. Mas, para que as coisas funcionem dessa maneira, é preciso que haja algum tipo de canal por meio do qual o maior volume de poupança aumente o incentivo ao investimento. Na prática, em tempos normais, isso funciona com a maior poupança permitindo ao Fed que corte os juros, tornando o capital mais barato e proporcionando assim a possibilidade de investir.

Mas, no momento, estamos diante do limite inferior zero – sei que receberei as críticas de sempre afirmando que os juros de longo prazo não são iguais a zero, mas o Fed não controla diretamente esses juros – e por isso o canal costumeiro não funciona.

Isso significa que se as pessoas – ou o governo – tentarem poupar mais, o resultado será apenas a depressão da economia. E a economia enfraquecida leva a um investimento menor, e não maior. E isso, por sua vez, significa que as tentativas de poupar mais não ajudam nossas perspectivas futuras. Ao contrário, elas reduzem o crescimento econômico futuro.

É por isso que a austeridade fiscal é uma ideia tão ruim: além de aumentar o desemprego, ela de fato nos torna mais pobres no longo prazo.

*Economista estadunidense, colunista do New York Times