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ONU confirma 446 corpos enterrados sem identificação na Colômbia

O escritório, na Colômbia, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH) confirmou, nesta terça (07), em Bogotá, que o cemitério da cidade do sul de La Macarena abriga, ao menos, 446 corpos de pessoas não identificadas que foram mortas em combate pela força policial.

As sepulturas são individuais e datam de março de 2002 a junho de 2010, disse a agência humanitária da ONU em um relatório sobre o cemitério desta conturbada população do departamento do Meta.

O estudo decorreu de denúncias de moradores e organizações não-governamentais (ONG) de defesa de direitos humanos que advertiram que, no cemitério de La Macarena, há uma vala comum com 2 mil cadáveres, incluindo as vítimas de execuções extrajudiciais.

"Estou extremamente preocupado com o grande número de pessoas enterradas no cemitério, cuja identidade e as circunstâncias da morte ainda não foram esclarecidas", disse o chefe da OACNUDH, Christian Salazar, em um comunicado divulgado pela agência.

Salazar acrescentou que, em particular, considera "necessário saber se, entre as pessoas enterradas no cemitério, estão vítimas de execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados e outras violações dos direitos humanos."

O OACNUDH concluiu que, em La Macarena, não foram encontradas evidências de uma vala comum, nem de enterros clandestinos, mas não descartou "a possibilidade de receber novas informações que possam servir para definir, enriquecer ou ajustar" o conteúdo do relatório.

A pesar disso, ele reconheceu que "encontrou a existência de pelo menos 446 pessoas enterradas individualmente no cemitério de La Macarena, sem identificação, e que foram reportadas como mortos em combate pela polícia desde 2002."

"Para o escritório, é preocupante a falta de controles eficazes e adequados frente aos relatos de pessoas que morreram em combate, o que levanta dúvidas sobre as circunstâncias das mortes", disse o relatório, pedindo o esclarecimento destas questões.

A mesma fonte notou que o Meta é o segundo departamento do país com o maior número de casos de execuções extrajudiciais em investigação, com 114. A Procuradoria-Geral tinha em investigação, até o passado 15 de março, um total de 1.354 casos deste crime, disse a agência da ONU.

São fatos que no país são conhecidos como "falsos positivos" e que correspondem ao assassinato de civis por parte de militares que os apresentaram como guerrilheiros mortos em combate, para mostrar resultados aos seus superiores hierárquicos ou obter lucro.

No relatório, OACNUDH advertiu sobre "a magnitude da situação dos cadáveres não identificados sepultados em cemitérios no plano nacional".

Portanto, pediu à procuradoria que analise cuidadosamente "as possibilidades ao seu dispor para conseguir de maneira rápida e efetiva a identificação dos falecidos e os esclarecimentos das violações dos direitos humanos e/ou das infrações ao direito internacional humanitário adequado".

Embora a polêmica sobre os túmulos de La Macarena tenha sido despertada no governo do agora ex-presidente Alvaro Uribe, o Executivo de seu sucessor e correligionário, Juan Manuel Santos, observou que o OACNUDH concluiu que ali não existe uma vala comum.

Em um comunicado, o ministro da Defesa Rodrigo Rivera, disse que seu governo saúda que a agência da ONU "diga claramente que aqui não havia nenhuma fossa, que havia um cemitério."

Rivera acrescentou que o Executivo apoia as investigações criminais relacionadas com este caso e que quer dar aos responsáveis pela investigação os recursos e a cooperação das forças de segurança para que "seja o mais exitosa possível."

Fonte: EFE