Emissão de dólares está fora de controle, critica ministro chinês
O ministro do Comércio da China, Chen Deming, criticou nesta terça (26) a emissão de dólares pelos Estados Unidos, que em sua opinião está "fora de controle" e provoca uma aceleração da inflação em seu país.
Publicado 26/10/2010 18:03
Falando em uma feira comercial no sul da China, ele afirmou que os exportadores têm feito um bom trabalho ao se prepararem para mudanças na taxa de câmbio e também para o aumento nos custos trabalhistas, mas foram repentinamente confrontados com novos desafios.
Inflação
"Uma vez que a emissão de dólares pelos Estados Unidos está fora de controle e os preços das commodities internacionais continuam subindo, a China está sendo atacada pela inflação de importados. As incertezas com isso estão causando grandes problemas", disse Chen, segundo a agência de notícias oficial do país, Xinhua.
Autoridades chinesas vêm criticando a política monetária norte-americana, dizendo que ela é excessivamente frouxa, mas raramente o fazem em discurso tão explícito. No encontro do G20 na Coreia do Sul, terminado no último sábado (23), o ministro de Finanças chinês, Xie Xuren, afirmou que os emissores das principais moedas de reserva –liderados pelos EUA– têm de seguir políticas econômicas responsáveis.
Junto com o risco inflacionário, o dólar mais fraco também impõe pressão de valorização sobre o iuan. A inflação ao consumidor chinês avançou para 3,6% no acumulado do ano até setembro, máxima em 23 meses. O aumento dos preços ocorre basicamente pelos custos dos alimentos, e muitos economistas esperam que a inflação atinja o pico antes do final do ano.
Troco
Apesar da preocupação com o impacto da política monetária dos EUA, Chen fez uma perspectiva positiva para o comércio chinês no próximo ano. Ele disse que o crescimento das exportações será estável, enquanto o das importações será forte.
Através das declarações do ministro sobre as emissões sem controle promovidas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), a China está dando o troco aos Estados Unidos, que não se cansam de atribuir à próspera nação asiática a responsabilidade maior pela chamada guerra cambial em função de sua política cambial, que mantém a cotação do dólar e o fluxo de capitais estrangeiros sob controle.
Os Estados Unidos pressionam a China para liberalizar completamente o câmbio, adotando o chamado câmbio flutuante ou livre. Mas Pequim resiste e sugere que os EUA devem tomar medidas para evitar que os desequilíbrios de sua economia continuem inflacionando o dólar e alimentando a chamada crise cambial.
Da redação, com agências