Florianópolis e o golpe que não deu certo

Por Clarissa Peixoto*

Tenho convicções ideológicas. Raciocino com conceito e método claros. Sob este aspecto, o que escrevo está crivado de parcialidade, daqueles que tem parte às coisas. O que abona e não retira a honestidade, a honra e a retidão daquele que opina.

Sendo assim, reflito sem muitas pretensões, sobre este episódio pelo qual passou a Câmara de Vereadores de Florianópolis, maculada pela sanha de alguns em tornar a Casa do Povo a extensão do Executivo, que há muito é a casa de Dário. Em Sucupira, Prefeito é Rei.

Nos últimos dois meses, presenciou-se um leviano acusar sem provas, promovido por objetivos alheios aos argumentos apontados. Em nome da ética, da moralidade e da honra, o Legislativo Municipal se tranformou em campo de guerra, onde o fundo é sim as eleições municipais de 2012.

A disputa da mesa diretora da Câmara Municipal foi arena de grupos políticos que há muito dominam Florianópolis. Na luta contra a consolidação de um projeto atrasado ou a reinstalação de outro não menos conservador, sofreu a retaliação quem estabelece, pela sua história comprometida com o acúmulo das forças do avanço, o debate de uma nova cidade.

Ao Prefeito Dário mais uma derrota. Ao povo, uma lente de aumento permitiu um outro olhar à realidade. Fez-se a história. Ainda é pouco para a transformação da cidade. No entanto, é salutar pela ampliação de caixas ressonantes em busca do bom debate sobre o futuro de Florianópolis.

Ontem podemos ver que, embora todo o desgaste pelo qual passou a Câmara, elementos fundamentais para a consolidação da democracia foram respeitados. Mas, para além do correto, do ponto de vista da lisura, o que vimos foi a derrota, consequente de outra derrota. De quem tem compromisso com a máquina e não com o público. O olhar para 2012, sem se quer lembrar que vivemos o aqui e o agora, e que é no presente que a vida acontece.

Fomos testemunhas oculares de que, pelo poder, se desrespeita os direitos, se macula as instituições que fortalecem a democracia, tenta-se destruir a imagem de homens e mulheres de postura séria e comprometida com o povo. Mesmo assim, a história da luta dos libertários é muito maior, o desejo do povo se sobrepõe e o rei e seus asseclas também podem ser derrotados.

*Jornalista, membro da Direção Municipal do PCdoB