Iraquianos vão às ruas para protestar contra corrupção e pobreza
Uma gigantesca manifestação batizada como "Dia da ira" paralisou nesta sexta-feira (25) a capital do Iraque, apesar do toque de recolher imposto pelo premiê Nouri Al-Maliki, que advertiu sobre possíveis "atos terroristas".
Publicado 26/02/2011 10:36
Os organizadores da mobilização asseguraram que centenas de milhares de iraquianos se uniram às marchas após a reza muçulmana do meio dia em Bagdá para protestar contra a corrupção, a falta de empregos e o déficit generalizado de alimentos, eletricidade e água.
O propósito é forçar o gabinete iraquiano a tomar medidas para melhorar as condições de vida em um país que recebe significativos rendimentos pelo petróleo, mas que exibe uma marcada desproporção na partilha da riqueza nacional.
Durante as manifestações da praça Tahrir de Bagdá a polícia antimotins, apoiada por veículos blindados e gases lacrimogêneos, impediu o acesso de numerosos manifestantes, que responderam à tentativa de os dispersar.
Além de Bagdá, as cidades de Basora, Kirkuk, Sulaimaniya e outros povoados do interior têm sido palcos de reivindicações populares nas últimas semanas, algumas das quais desembocaram em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
"Deixem que se escute a voz de liberdade em todas as ruas de Bagdá e tomem lições do Egito, Tunísia e Líbia", dizia um das mensagens que circulou por telefones móveis e redes sociais para convocar à população para a manifestação contra o gabinete da el-Maliki.
Outros ativistas ressaltaram que os manifestantes deveriam sair às ruas com gritos como "Viva Iraque" ou "Revolução de fevereiro contra a corrupção", ao mesmo tempo em que convocaram iraquianos residentes no exterior a se manifestar em frente das embaixadas do país.
A concentração desta sexta-feira realizou-se baixo um grande deslocamento de forças antimotins, e apesar do toque de recolher adotado pelo governo para tentar frear o protesto.
Al-Maliki ordenou à polícia proibir a circulação de automóveis pelas ruas de Bagdá, ao mesmo tempo que a interditou a passagem de um das principais pontes de acesso à praça Tahrir.
Além disso, o premiê advertiu sobre aumento da violência que supostamente provocariam milicianos da rede Al-Qaeda e membros do proscrito partido Baath, com o qual governou este país o já derrocado presidente Saddam Hussein.
Entretanto disse respeitar o direito dos iraquianos de protestar pacificamente e expressar-se de forma livre, mas acusou "saddamistas (leais de Saddam Hussein), terroristas e membros da Al Qaeda" de aproveitariam as marchas para realizar atentados.
Fonte: Prensa Latina