Jericoacoara: Festival Cinema Digital prossegue até hoje (21)
As noites de Jericoacoara têm sido de muito cinema, com 50 curtas-metragens, de realizadores de 16 estados. A comunidade tem respondido ao convite do festival, lotando o circo onde acontecem as exibições da Mostra Competitiva de Curtas e da Mostra de Cinema Ambiental, além de produções especialmente selecionadas.
Publicado 20/06/2011 11:48 | Editado 04/03/2020 16:31
Desde quarta-feira, 15/6, o cinema independente brasileiro e grandes nomes do audiovisual nacional estão se encontrando, em um dos mais belos cenários do litoral cearense. O II Festival de Jericoacoara – Cinema Digital está mobilizando a população da paradisíaca vila, que durante o evento ganha a oportunidade de um contato diário com a magia do audiovisual.
Ao todo, 16 estados contam com representante no festival. Foram aceitas inscrições de filme concluídos a partir de junho de 2009 e sobre quaisquer temas, nos gêneros documentário, ficção, animação ou experimental.
Realizado pela Anhamum Produções e dirigido pelo cineasta, escritor e produtor cultural cearense Francis Vale, o festival tem por objetivo contribuir para dar visibilidade a novos valores da produção audiovisual, de forma descentralizada, propondo um olhar bem além dos grandes centros. Objetivo que se vê, no festival, concretizado na prática, com a grande presença de moradores de Jericoacoara, com destaque para mães e filhos, sempre lotando as sessões de exibição.
“Queremos mostrar a diversidade do novo cinema brasileiro, e as novas pessoas que estão fazendo esse cinema acontecer, nas suas cidades e comunidades, a cada dia”, afirma Francis. “A relação do festival com a comunidade é outro aspecto muito importante. Para contribuir com Jericoacoara, o festival acontece na baixa estação, ajudando a garantir maior movimentação na cidade nesse período”, complementa.
Na noite de domingo, 19/6, foram exibidos os filmes “O Menino da Calça Branca”, de Sérgio Ricardo, um dos grandes nomes do cinema e da música nacionais, e “Devoção”, de Sérgio Sanz, debatido na manhã da última segunda-feira, no Centro de Artesanato de Jericoacoara.
Esta segunda a programação tem ainda como destaque a última noite da Mostra Competitiva de Curtas-metragens, com exibição de produções de realizadores do Ceará, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba. Como exibição especial, o público assistirá a “Passageiro Pau de Arara”, de Bruno Monteiro, e “Utopia e Barbárie”, de Sílvio Tendler.
Hoje (21/06) às 10h acontece debate sobre “Utopia e Barbárie”, no Centro de Artesanato. Às 19h, no Circo Jeri, serão exibidos os filmes “Sobral no Plural”, de pesquisadores da Universidade Vale do Acaraú, e “O Gerente”, de Paulo César Saraceni, um dos grandes nomes do cinema nacional em todos os tempos. Às 20h30 tem início a cerimônia de entrega dos troféus e prêmios em dinheiro aos vencedores do festival.
Raízes do Brasil
Durante o evento foi exibido o filme “Raízes do Brasil – Uma Cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda”, de Nelson Pereira dos Santos. “A exibição marcou a comemoração dos 75 anos do livro ‘Raízes do Brasil’ e deu suporte às discussões do Seminário do Festival”, destaca Francis Vale.
Na manhã desta sexta-feira o seminário foi aberto com debate contando com a participação dos cineastas Sérgio Santeiro, professor da Universidade Federal Fluminense, e Zeca Ferreira, que foi assistente de direção de Nelson Pereira dos Santos nas filmagens de “Raízes do Brasil”.
Cineastas e moradores
Para assegurar, na prática, a democratização da participação no evento, a produção do festival garante as despesas de transporte terrestre entre Fortaleza e Jericoacoara, alimentação e hospedagem para um representante de cada uma das 50 obras selecionadas. “A ideia é que as pessoas realmente possam conviver em Jericoacoara, participando efetivamente do festival, trocando ideias sobre cinema, participando dos debates e se aproximando do público”, reforça Francis Vale.
E é o que se vê, nos quatro cantos da vila em que moradores e visitantes se encontram pelas ruas de areia, trocando ideias nas pousadas, nos restaurantes, na praia e nos espaços do festival: o circo onde acontecem as exibições de filmes e o Centro de Artesanato onde são realizados os debates e o Seminário “Raízes do Brasil”.
Oportunidade para contato direto com cineastas como Philipi Bandeira, diretor de “Espelho Nativo”, filme que abriu a programação do festival. Ou com grandes nomes homenageados pelo festival, como o eletricista Carlito Almeida, o cineasta Nirton Venâncio e o ex-jogador de futebol Afonsinho, que participará de debate sobre cinema e futebol.
Premiação
Ao longo do festival, os 50 filmes estão sendo apreciados por um júri composto por cinco pessoas ligadas à área do audiovisual. As premiações em dinheiro, no valor de R$ 5 mil cada, serão destinadas às obras escolhidas pelo júri como as melhores em cada categoria: ficção, documentário, animação e experimental.
Também receberá prêmio de R$ 5 mil a melhor produção dos estados Ceará, Piauí e Maranhão, em homenagem à chamada “Rota das Emoções”, que se inicia em Jericoacoara-CE, passa pelo Delta do Parnaíba-PI e se estende até os Lençóis Maranhenses. O festival também destinará troféus aos vencedores dos quesitos: melhor filme, direção, roteiro, fotografia, trilha original e direção de arte. Além dos troféus para melhor ator e melhor atriz.
Fonte: Jeri Digital