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Com apoio de Lula, Haddad admite disputar Prefeitura de São Paulo

Tento o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como seu maior cabo eleitoral, o ministro da Educação, Fernando Haddad, admitiu que seu nome "está efetivamente sendo discutido" no PT como um dos possíveis candidatos do partido à Prefeitura de São Paulo, nas eleições 2012. “Tenho apreço por esse movimento”, declarou Haddad, na sexta-feira passada.

“É em função de uma realização pessoal, por ter feito um trabalho no MEC que ganhou alguma visibilidade”, agregou o ministro. “Não deixa de ser para mim e para a minha equipe um sinal de que o Brasil tem avançado na área social. Tem de avançar mais, mas não deixa de ser um reconhecimento.”

Sempre tratando o assunto com ressalvas e cuidado político para não desmerecer outros possíveis pré-candidatos do partido, Haddad diz que seu nome está longe de ser consenso. "É a posição de uma parcela que é minoritária dentro do partido. Então, se eu considerar isso agora, estarei cometendo dois erros: primeiro, com o ministério. Segundo, de natureza política, de não reconhecer que quem cogita essa possibilidade com algum entusiasmo é uma parcela minoritária do partido".

Em um partido dominado em São Paulo pela senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, o ministro reconhece até que há uma enorme resistência a seu nome. "Se fosse uma pretensão pessoal, isso me afetaria. Mas não é uma pretensão pessoal. É uma discussão que está sendo feita com um colegiado de pessoas. É natural que seja assim — simpatias por um ou outro. Mas não é um projeto pessoal.”

Haddad fez questão de citar os nomes de Marta e do seu colega de ministério Aluizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) como petistas que podem reivindicar — segundo ele, até com mais direito — a posição de candidatos à Prefeitura de São Paulo em 2012. “Há figuras no partido que estão mais bem posicionadas e têm todo direito de pleitear a candidatura e disputar.”

O ministro da Educação tem um padrinho de peso: o maior defensor da sua candidatura — e, na verdade, autor da idéia — é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem feito apelos por "nomes novos" para tentar vencer o PSDB e Gilberto Kassab, o atual prefeito da capital. Mas o ministro sabe que a disputa é dura. Marta já declarou querer uma revanche contra o tucano José Serra, tem grande incidência sobre o PT paulistano.

Para emplacar Haddad, Lula terá que impor o nome do ministro, sob o risco de provocar um racha na campanha petista. Diante desse cenário, a situação de Haddad pode ser descrita assim: não milita em favor da candidatura porque tem uma agenda cheia no MEC — mas também não desautoriza as articulações. O resumo dele para o momento é este: "Sem que eu esteja militando por isso, o nome está efetivamente sendo discutido."

Já Lula, em conversas que manteve com companheiros de partido no Instituto da Cidadania, onde tem despachado desde o começo do ano, pediu a interlocutores de Mercadante e Marta que aconselhem ambos a buscar a união entre seus grupos já a partir deste ano. No limite, eles poderia até abrir mão em favor de Haddad.

A mensagem — que Lula pretende transmitir diretamente aos dois — foi repassada em meio à agitação provocada entre os apoiadores da candidatura do ministro da Educação por causa de um recado de Marta de que vai pedir que sejam realizadas prévias se a postulação de Haddad se concretizar. Também causa incômodo o comportamento incerto de Mercadante — que não confirma nem descarta a intenção de concorrer. O ministro fez alguns petistas saberem que trabalha com o prazo estipulado pelo partido para a definição, o fim de 2011.

Com o recado a Marta e Mercadante, Lula tenta pavimentar certo consenso em torno da candidatura de Haddad, seu preferido na disputa. Entre petistas, conselho dessa natureza proferido pelo ex-presidente é um recado claro de que cabe a ele a escolha do candidato — e este será o atual ministro da Educação.

"O PT não faz nada sem o aval do Lula", diz um membro do partido. Outro indica o que já está cada vez mais claro: a decisão é imperial, e, ao que parece, já está tomada, no "dedaço", pelo ex-presidente. Mas o desafio do grupo que cerca Haddad é romper com a desconfiança de boa parte do PT-SP de que o ministro seja um candidato viável. Haddad passou as últimas semanas sendo aconselhado e ouviu de interlocutores que, se quer vencer as eleições, precisa começar a construir a agenda de sua candidatura.

O ministro decidiu visitar São Paulo com mais frequência. Para turbinar a candidatura, aguarda o lançamento de projetos federais de educação que estarão presentes na cidade. É o caso das iniciativas relacionadas ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e também aos campi de universidades federais que deverão ser inaugurados em breve na zona leste e no anel metropolitano da capital.

Na fase inicial da construção da candidatura, os aliados de Haddad já preparam até o discurso contra o chumbo grosso que poderia vir da oposição por causa dos problemas vividos pelo Ministério da Educação em dois exames seguidos do Enem. Um dos argumentos para responder será a decisão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais prestigiadas do País, de substituir o vestibular pelas notas do Enem a partir de 2012.

Da Redação, com informações do O Estado de S.Paulo