FMI prevê prejuízos de US$ 409 bilhões para bancos europeus
Os bancos europeus enfrentarão cerca de 300 bilhões de euros (US$ 409 milhões) em possíveis prejuízos decorrentes da crise da dívida da zona do euro, previu o Fundo Monetário Internacional nesta quarta-feira, 21. A autoridade monetária exortou os bancos a captar recursos para proteger a economia global contra mais turbulências.
Publicado 21/09/2011 19:39
O fundo afirma que os problemas fiscais vindos dos membros mais débeis da zona do euro tiveram um impacto direto de aproximadamente 200 bilhões de euros (US$ 273,4 bilhões) sobre os bancos da União Europeia desde que começou a crise da dívida pública no ano passado. Além das carteiras de títulos de dívida pública, a redução no valor dos ativos dos bancos aumentou ainda mais o risco de crédito das instituições financeiras para um total de 300 bilhões de euros.
O FMI advertiu que essa soma, baseada em recentes indicadores do mercado, não representa, necessariamente, o tamanho de um buraco no capital dos bancos europeus, afirmando que tal avaliação exigiria um exame mais detalhado dos balanços das instituições. Mas em um relatório que antecede sua reunião anual, o Fundo utilizou esse cálculo para realçar a importância de aumentar as reservas de caixa dos bancos.
Segundo o FMI, a crise global de crédito "passou para uma nova fase, mais política", com os governos lutando para colocar suas finanças em ordem e os países europeus de maior porte debatendo sobre como socorrer seus vizinhos.
A mais recente turbulência na zona do euro, o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos e as deficiências de capital nos bancos renovaram a ameaça à estabilidade financeira no mundo todo, enquanto o crescimento global vem se desacelerando, afirmou o FMI.
"O tempo está se esgotando para enfrentar as vulnerabilidades existentes", disse o FMI em seu Relatório de Estabilidade Financeira Global. "O conjunto de opções políticas que sejam economicamente e politicamente viáveis está encolhendo, agora que a crise passa para uma nova fase, mais política."
O FMI pediu às autoridades da zona do euro que ratifiquem um acordo para expandir a flexibilidade do fundo de resgate europeu. Mas também reconheceu que os mercados continuam descrentes da capacidade desse resgate de aliviar a pressão sobre as dívidas da Bélgica, Itália e Espanha – três países que vêm sofrendo pressão recentemente.
Quase metade do total de 6,5 trilhões de euros de papéis de dívida pública emitidos por países da zona do euro mostra sinais de maior risco de crédito, disse o fundo. Com as dívidas públicas enfraquecidas constando do balanço dos bancos, o FMI disse que estes precisam levantar capital privado, se possível, e que os governos podem ter que injetar caixa em seus bancos, em alguns casos. O relatório foi divulgado semanas depois que a nova diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, pediu a "recapitalização urgente" dos bancos europeus, provocando acirrada oposição de algumas autoridades monetárias europeias.
Fonte: Valor