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Bovespa tem pior mês e trimestre desde auge da crise de 2008

O tombo das bolsas americanas e europeias em setembro atingiu em cheio o mercado acionário brasileiro. Mesmo com os ativos em níveis de preços já considerados atrativos, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desabou no período, ao perder 7,4%. A queda foi a maior do ano e a magnitude não era vista desde o auge da crise financeira americana, em outubro de 2008 (-24,8%).

A volatilidade atingiu em cheio os mercados ao longo do período e, no Brasil, operações de curtíssimo prazo ganharam corpo.

No front europeu, a crise da dívida se manteve no centro das atenções. As discussões sobre a liberação de nova parcela do socorro financeiro de 110 bilhões de euros à Grécia, aprovado no ano passado, continuaram, mas não tiveram uma conclusão.

Os credores da dívida do país seguem desconfiados de que os esforços feitos ainda não são o suficiente para a economia grega entrar na linha. O primeiro pacote nem foi concluído e os países europeus já começaram a debater a necessidade de um novo plano de ajuda. A probabilidade de um default aumentou, mas o mercado ainda tem a esperança de que o calote possa ser “organizado”, inclusive com maior participação dos bancos expostos à dívida.

Diante da urgência de uma coordenação maior entre os países europeus e seus bancos centrais, o foco agora está voltado à ampliação do tamanho do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), como nova ferramenta para limitar o contágio da crise grega. O mercado ainda se debruça sobre a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) cortar os juros básicos da região no encontro da próxima semana.

Nos Estados Unidos, os indicadores econômicos divulgados ainda mostram uma economia enfraquecida e a chamada “operação twist” não estancou as preocupações.

E mesmo com a forte queda da bolsa brasileira, o fundo do poço pode não ter sido atingido, na avaliação de analistas.

Embora esteja mais otimista com os próximos meses, o sócio-diretor da Geração Futuro, Wagner Salaverry, assinala que a preocupação com o front externo continua e, no Brasil, a inquietação com os próximos passos do Banco Central (BC) também angustia os investidores.

Salaverry, contudo, não traça uma comparação direta do momento atual com a crise financeira de 2008 e ressalta que a principal preocupação segue com a pessoa física, que já resgatou mais de R$ 5,2 bilhões da bolsa no ano. Os investidores institucionais, por sua vez, tiraram R$ 4 bilhões e os estrangeiros, cerca de R$ 600 milhões.

“O mercado não consegue ver previsibilidade na atuação do BC e isso explica uma parte da queda tão forte da bolsa brasileira”, diz.

No trimestre, o Ibovespa ainda recuou 16,2%, a quarta depreciação seguida e a mais expressiva desde a baixa de 24,2% vista nos três últimos meses de 2008.

No acumulado do ano, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cai 24,5% – apenas fevereiro (1,22%) e março (1,79%) foram meses positivos.

Em outubro, começa a temporada de balanços relativos ao terceiro trimestre e, mesmo com a queda acumulada em 2011, o cenário pode piorar.

“As empresas parecem muito baratas, mas o fato é que os resultados serão piores em meio à desaceleração da economia”, frisa o gestor da Principia Capital Management, Marcello Paixão.

Fonte: Valor