Vice dos EUA viaja ao Iraque pouco antes de saída de ocupantes
A pouco menos de um mês da saída das tropas ocupantes dos Estados Unidos do Iraque, o vice-presidente do regime americano aterrisou hoje em Bagdá, uma visita protocolar, prometida por Barack Obama, que deverá "comemorar" o fim da guerra impopular que o país conduziu no Oriente Médio por quase dez anos.
Publicado 29/11/2011 20:05
A viagem de Biden cumpre promessa de Obama, que está no início de sua campanha para a tentativa de reeleger-se em 2012, encerrando formalmente a ocupação no momento em que a maioria dos estadunidenses sofrem os efeitos da crise na economia.
Segundo a Casa Branca, Biden falará às forças norte-americanas durante uma cerimônia, "comemorando" a ocupação americana e os "efeitos" que ela trouxe para o país e para o Iraque.
"Depois de quase três anos no poder, o governo manteve suas promessas com relação ao Iraque", orgulhou-se Biden em entrevista a jornalistas autorizados a seguir com o vice-presidente.
Segundo organizações civis e agências da ONU, mais de um milhão de iraquianos morreram em consequência da ocupação militar, iniciada em março de 2003, sob o pretexto de destruir armas de destruição em massa que jamais foram encontradas.
Cerca de 4 milhões de iraquianos foram forçados pela ocupação a deslocar-se. Cerca de 1,9 milhão refugiaram-se dentro do próprio Iraque, enquanto 2 milhões fugiram para países vizinhos, como a Síria. O país vizinho registrou legalmente cerca de 290 mil iraquianos.
A Síria tem sido um generoso anfitrião para os refugiados iraquianos. Mais de 70% dos refugiados iraquianos atualmente registrados na Síria moram lá há mais de quatro anos. Embora muitos refugiados tenham deixado o Iraque com algumas economias, elas se esgotaram após anos de exílio. Como resultado, os refugiados dependem de assistência alimentar e financeira do Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Os Estados Unidos chegaram a empregar cerca de 170 mil soldados no auge da ocupação, em 2007. Na época, as empresas que empregavam mercenários, como a Blackwater, agiam como "força auxiliar" no Iraque se envolvendo em ataques direitos e operações sujas. O número envolvidos nessas "forças auxiliares" é desconhecido, mas analistas militares estimam que 15% das forças ocupantes eram formadas por mercenários.
As controvérsias em torno da empresa de mercenários forçaram a uma mudança de nome em 2008, para Xe Services. Em setembro de 2007, mercenários da empresa abriram fogo contra civis em Bagdá. A ação revoltou os iraquianos, que acabaram expulsando apenas 250 mercenários que teriam se envolvido no ataque aos civis.
A Blackwater empregava a maioria dos mais de 18 mil mercenários que agiam ao lado das forças de ocupação no Iraque, contratados para “fazer o trabalho sujo” no país. Devido à sua imunidade legal, os mercenários cumprem as missões criminosas, como execuções de suspeitos e explodir alvos controversos – como a mesquita xiita de Samarra, que deu início ao que a mídia ocidental chamou de "guerra sectária".
De acordo com fontes iraquianas, muitos dos tiroteios em áreas civis, sunitas e xiitas, foram iniciados pela própria Blackwater. Antes do fim de 2007, a empresa teve seu contrato renovado com a administração Bush, ao assinar novos contratos federais.
Hoje estão no Iraque cerca de 14,5 mil soldados, que partirão em sua grande maioria até 31 de dezembro. Obama decidiu retirá-los segundo o cronograma após não conseguir aprovar um acordo com Bagdá para deixar alguns milhares de homens no país.
Com agências