Nova política de privacidade do Google é pouco transparente
O Google alardeou simplicidade e transparência na unificação das políticas de privacidade que tantos protestos vem gerando, inlcusive nas agências da União Europeia. Mas é justamente por causa da suposta simplicidade do texto que a transparência fica meio opaca. Segundo Carlos Affonso, vice-coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getulio Vargas, o principal problema do novo texto é ser muito abrangente e não satisfazer quanto à finalidade.
Publicado 05/03/2012 10:18
"Ao explicar como usa as informações que coleta do usuário, o Google diz que seu objetivo é 'fornecer, manter, proteger e melhorar esses serviços, desenvolver novos e proteger o Google e nossos usuários. Também usamos essas informações para oferecer a você um conteúdo específico, como fornecer para você resultados mais relevantes de pesquisa e anúncios'", reproduz Affonso. "Mas, na verdade, isso não deixa nada claro qual informação do usuário em que produto será cruzada com qual e de que forma elas serão combinadas para chegar a esses resultados. Essa é uma das principais reclamações de órgãos da UE".
A simplicidade do texto pode ser igualmente questionada em passagens que nada dizem ao internauta comum, como “podemos coletar e armazenar informações (…) usando mecanismos como armazenamento no navegador da web (inclusive HTML 5) e caches de dados de aplicativo”. Ou “Criptografamos muitos de nossos serviços usando SSL” — aqui há um link para a definição da sigla, mas apenas em inglês.
— A confusão aumenta quando, ao chegar ao link da política, o usuário encontra abas ao lado dela como Publicidade e Princípios — diz Affonso. — A Publicidade está em inglês, e só nela é descrito, por exemplo, como o YouTube se vale dos dados do usuário para mostrar anúncios personalizados. E, em Princípios, chega-se a um texto intitulado “Princípios de Privacidade”, que logo no começo oferece um link para a “filosofia do Google”, novamente em inglês.
O gigante de buscas diz que o usuário até pode bloquear os cookies (arquivos que reconhecem a navegação do usuário), mas que “muitos de nossos serviços podem não funcionar de maneira adequada se seus cookies estiverem desativados”. Quando sugere ao usuário que pode obter informações de muitos de seus serviços, o encaminha a nova página em inglês, de uma equipe de engenharia de software da empresa.
"Para ser realmente claro ao usuário, o texto deveria ter várias camadas informativas, especificar bem as interações entre os dados colhidos pelos diferentes produtos Google, o que não acontece na versão atual", diz Affonso.
Fonte: O Globo