Olinda revela olhar militante de Edíria Carneiro

Artista talentosa, ativa militante política e uma grande mulher. Assim pode ser sintetizada a pintora Edíria Carneiro, cujas telas estarão expostas a partir desta quinta-feira (08) até o dia 22 de março, no Palácio dos Governadores, sede do Executivo olindense. A inciativa é da Prefeitura de Olinda e integra as comemorações do Dia Internacional da Mulher na cidade.

A abertura da mostra, intitulada Pinturas Um Olhar Militante, acontece às 19h e contará com a apresentação do grupo Vozes Femininas, integrado pelas poetas Cida Pedrosa, Mariane Bigio, Silvana Menezes e Susana Morais. A curadoria é da artista plástica Tereza Costa Rêgo.

Falecida em dezembro de 2011, em São Paulo, Edíria é considerada “uma verdadeira artista comunista”. Casada, por mais de 50 anos, com João Amazonas, dirigente histórico do PCdoB, ela associou a produção artística à militância política, à criação dos filhos e à luta pela sobrevivência, a maioria das vezes nas condições adversas da clandestinidade.

Expressão internacional

Edíria Carneiro nasceu na Bahia e estudou na Escola de Belas Artes de Salvador. Em 1945 seguiu para o Rio de Janeiro como delegada ao Congresso da União Nacional dos Estudantes – UNE, onde fixou residência. Lá, frequentou cursos de artes gráficas e ilustrou diversas revistas e jornais, entre eles o Classe Operária, fundado em 1925, e o Momento Feminino, além de participado ativamente da produção de cartazes e folhetos políticos.

Entre 1960 e 1961 frequentou o atelier livre de pintura da Prefeitura de Porto Alegre, onde estudou com o artista Iberê Camargo. De 1976 a 1980 se exilou em Paris, em função das restrições impostas pela ditadura militar. Nesse período, frequentou o famoso Atelier 17, de S.W. Hayter, e participou de estágios nos ateliers de Henri Goetz e Joelle Serve.

Entre as principais exposições de que participou estão a X e a XI Bienal Internacional de São Paulo realizadas em 1969 e 1971, respectivamente, e as bienais de Artes Plásticas da Bahia, de Santos (SP) e Nacional de São Paulo. De 1963 a 1968 participou do Salão Paulista de Arte Moderna e de 1969 a 1974, do Salão Paulista de Arte Contemporânea. De 1977 a 1981, participou de exposições em Paris e Madri, Espanha, além de outras exposições nacionais e internacionais importantes.

Edíria Carneiro tem obras nos acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo; no Museu de Arte Moderna de Skoplje, lugoslávia; no Museo Del Grabado, em Bueno Ayres, Argentina; e no Cabinet D’Estampes de la Bibliothèque National, em Paris.

Durante toda sua vida procurou sempre vincular sua obra ao projeto de emancipação social. Uma de suas últimas séries de quadros intitulada As excluídas, retrata um sensível panorama da opressão que ainda sofre as mulheres trabalhadoras em nosso país e no mundo.

Do Recife
Audicéa Rodrigues