Rodrigo Vianna: “Punir os que afrontam a Democracia”
A Comissão da Verdade nem foi instalada, e o clima já esquentou. Dezenas, na realidade centenas de militares se insubordinaram, lançando um manifesto contra Dilma e o ministro da Defesa, Celso Amorim. Um manifesto contra a Democracia brasileira, seria melhor dizer.
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador
Publicado 07/03/2012 16:48
Publicamos, aqui nesse blog, artigos criticando duramente esses militares. Um desses textos, assinado por Eric Nepomuceno, suscitou comentários “ameaçadores” de gente que se esconde atrás de e-mails falsos e identidades forjadas. A turma das sombras não aceita a Democracia. É preciso enfrentar essa gente.
Acabo de recolher o IP (registro digital) de um dos supostos leitores que faz ameaças ao autor do artigo e ao responsável por esse blog. Vou à policia e ao Ministério Público, registrar queixa e pedir investigação. Mas a reação não pode ser, apenas, individual. É preciso uma reação política.
Por isso, publico abaixo um manifesto contra os golpistas e defensores da tortura.
Esse blogueiro assina e se coloca, desde já, ao lado dos que lutam pela Verdade e pela punição dos covardes – vistam eles farda ou não.
Punir os militares que afrontam a democracia
As manobras dos indivíduos que buscam calar o direito à Memória, à Verdade e à Justiça tentam, por um lado, golpear a democracia, atingir e desmoralizar o governo federal e suas autoridades; por outro lado, envolver as Forças Armadas dos dias de hoje na defesa dos crimes cometidos, há décadas, pela Ditadura Militar, e implicá-las na defesa de militares e civis que foram os executores desses crimes.
O chamado “Manifesto à Nação” assinado por militares da reserva, entre os quais conhecidos torturadores, é uma enorme afronta ao governo federal legitimamente eleito e aos Poderes da República, e seus ataques à Comissão Nacional da Verdade são inadmissíveis.
Externamos nosso integral apoio à decisão da presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Defesa, Celso Amorim, de punir esses autores de crimes de desacato, e reiteramos a necessidade da instalação imediata da Comissão Nacional da Verdade, único instrumento capaz de investigar, conhecer e divulgar a verdade sobre as graves violações de direitos humanos praticadas pelos órgãos de repressão da Ditadura Militar, e a sanção de seus autores, nos termos da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal quanto aos crimes permanentes.
Por fim, face ao crescimento das adesões de militares a esse manifesto de vocação golpista, a punição aos seus subscritores tornou-se uma questão não só imprescindível, como urgente, sob pena de fragilizarem-se a Democracia e os Poderes constitucionais da República.
São Paulo, 7 de março de 2012
Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos