Publicado 28/04/2012 10:58 | Editado 04/03/2020 16:29
Historicamente o Nordeste foi visto e tratado como “patinho feio” do ponto de vista regional. Majoritariamente, a decisão política de aplicação dos investimentos foi direcionada para o Sul e o Sudeste. Isso provocou e aprofundou as enormes desigualdades regionais. Não é por menos que São Paulo, sozinho, concentra quase 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. E o Nordeste, que detém 28% da população, participa com apenas 13%.
Agora, como herança da Era Lula, estamos vivenciando momento de prosperidade. O Brasil deve constituir um novo projeto de desenvolvimento nacional com crescimento, desenvolvimento e distribuição de renda, possibilitando, assim trilharmos o caminho da redução das desigualdades regionais e sociais.
Por que o Nordeste tem crescido a taxas chinesas nos últimos anos? Exatamente devido à visão de que o Brasil só avançará, conjuntamente, quando equiparar os investimentos na infraestrutura (água, portos, aeroportos, energia, gás, ferrovia, estradas etc), atraindo, assim, investimentos econômicos.
Na recente visita de representantes do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa do Ceará aos “portos” de Suape (PE) e Camaçari (BA), vimos sinais de construção de um futuro pulsante e promissor para nossa Região. Ambos constituem, hoje, complexos industriais.
Suape abriga empresas como refinaria, estaleiros, indústrias de cimento, bebidas, fraldas e uma montadora da Fiat, entre outras. Vem mudando radicalmente a realidade dos municípios do seu entorno. Como consequência, hospitais foram instalados, estradas duplicadas, escolas e moradia construídas, saneamento básico ampliado e principalmente mão de obra local capacitada. Camaçari foi idealizado para ser apenas um polo petroquímico. No momento, é também, complexo industrial, abrigando cerca de 90 indústrias. Só a Ford congrega 27 fábricas que alimentam com peças a montadora, gerando nove mil empregos diretos, dos 15 mil existentes no complexo. Apesar do empreendimento ter agregado muito valor econômico aos municípios do entorno, observei um grave erro histórico na formação e qualificação da mão de obra local. Só agora, depois de 35 anos, está sendo construído um equipamento do Sesi e uma escola federal de educação tecnológica em Camaçari que, paradoxalmente, detém preocupantes índices de pobreza.
A visita do Conselho de Altos Estudos e de consultores da Assembleia aos complexos visa conhecer as experiências dos projetos implementados para servir de contribuição ao debate do Pacto pelo Pecém. Representa uma ajuda para reduzir caminhos na implantação do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e, assim, maximizarmos os ganhos e minimizarmos as perdas nos aspectos políticos, econômicos, sociais e ambientais.
*Lula Morais é Deputado Estadual (PCdoB) e Presidente do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa do Ceará
Fonte: O Povo