Cúpula militar de Uribe pode ser investigada por morte de civis

 A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) solicitou à Corte Penal Internacional (CPI) de Haia a abertura de uma investigação contra o alto comando do exército colombiano, durante o governo de Álvaro Uribe, por ser responsável pela execução de civis durante as operações militares conhecidas como “falsos positivos”

A FIDH apresentou um informe nesta terça-feira (29) no qual condena estes “crimes de lesa humanidade” perpetrados pelas forças militares colombianas, sob as ordens diretas do alto comando.

Nesse sentido, solicitou à ONU que não avalie somente as informações recebidas do governo colombiano, “dada a participação de setores do aparato estatal na participação desses crimes em massa.

O informe detalha que entre 2002 e 2008 ocorreram na Colômbia ao menos 3.345 execuções extrajudiciais, que posteriormente seriam apresentadas à Justiça como “baixas em combate”.

O objetivo dos “falsos positivos” era inflar os aparentes “bons” resultados obtidos na guerra do exército colombiano contra as guerrilhas e, em especial, na luta principal contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

“A maioria das vítimas eram homens jovens, alguns sem trabalho, outros campesinos ou habitantes das zonas rurais de escassos recursos econômicos”, destaca.

A Federação alega que a maioria dos casos seguia um padrão similar: “meses depois de abandonar suas casas, (as vítimas) convencidas por terceiros para buscar um trabalho ou um futuro melhor em algum lugar distante, apareciam mortas vestidas de guerrilheiros ou com armas nas mãos.”

O documento, de cerca de 50 páginas, denuncia que os principais responsáveis por esses crimes de lesa humanidade continuam impunes.

O texto sustenta também que as investigações na Colômbia por estes crimes se limitam a julgamentos a soldados de baixa categoria. “Não existem investigações penais efetivas iniciadas contra os altos comandos militares, os mais responsáveis pelas execuções.”

Também lamentam que o sistema judicial colombiano investigue somente os “desaparecimentos forçados”, deixando de lado as acusações por tortura, violência sexual e detenção arbitrária.

Os “falsos positivos” ganharam visibilidade pública durante a administração de Uribe. Em 2010,o WikiLeaks divulgou as pressões exercidas pela cúpula militar para ocultar esses delitos, “intimidando as testemunhas para evitar que se pronunciassem”.

A CPI realiza neste momento “análises preliminares” no caso da Colômbia. Isso significa que, depois de estudar se foram cometidos delitos de competência da Corte, aplicará o chamado “teste de complementaridade”, para determinar se as autoridades nacionais estão investigando estes crimes.

Para a FIDH, os falsos positivos são somente uma pequena mostra dos 32 mil desaparecidos que existiam na Colômbia quando Uribe abandonou o cargo em agosto de 2010, em meio ao escândalo dos serviços secretos do país (DAS). Este escândalo começou após um antigo responsável da DAS, sob o controle direto do ex-presidente, ser preso acusado de facilitar dados aos paramilitares sobre líderes sociais e sindicais que depois foram assassinados.

Fonte: TeleSur