Brasil reitera apoio a plano de Annan e rejeita pressão dos EUA

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou neste sábado (2) que o Brasil é um dos países que mais apoia o plano de paz do enviado especial da ONU para a Síria, Kofi Annan, e buscou dissipar qualquer dúvida sobre o interesse do governo Dilma Rousseff em acabar com a violência na nação árabe. Patriota rechaçou a pressão norte-americana para que Brasília adote posição mais dura sobre o conflito.

"O apoio do Brasil ao plano de paz e ao relator Kofi Annan talvez seja maior que o dos Estados Unidos", disse Patriota em entrevista coletiva feita neste sábado no Rio de Janeiro após sua reunião de trabalho com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.

"O Brasil apoia desde o início a missão de Anann e seu plano de paz de seis pontos, inclusive porque (o plano) rejeita uma a militarização do conflito da Síria, o que implica que ele seja contra intervenções militares, armamento de rebeldes, essas outras ideias", acrescentou Patriota, que disse esperar que sua declaração ponha fim a qualquer "mal-entendido".

O ministro se referiu expressamente às declarações feitas nesta sexta-feira pelo porta-voz do Departamento de Estado americano, Mike Hammer, que manifestou o desejo de Washington de ver "mais atitude" por parte do Brasil no esforço da comunidade internacional para deter a violência na Síria.

O Itamaraty, que defende o diálogo e a negociação para buscar uma solução à crise síria, se opõe às sanções impostas pelos EUA contra o país árabe, pois Brasília rejeita qualquer tipo de sanção unilateral.

"O Brasil jamais se associará a esse tipo de comportamento (sanções fora do Conselho de Segurança). Se for deliberado, em funções de recomendações de Kofi Annan, da missão que lhe foi confiada, que se adotem sanções – por exemplo embargo de armas ou outras medidas análogas – claro, o Brasil por definição sempre incorpora ao ordenamento jurídico as sanções aprovadas pleo Conselho de Segurança", disse Patriota.

O ministro brasileiro defende que uma intervenção militar na Síria seria "catastrófica". Segundo ele, o Brasil não só respalda a missão da ONU, mas também apoiou nesta sexta-feira a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que pede uma investigação "integral, independente e sem restrições" do massacre cometido no dia 25 de maio na cidade síria de Houla, onde morreram mais de 100 civis.

Em outras declarações, o chanceler brasileiro já havia defendido o diálogo como forma de evitar um conflito mais grave.

Com agências