Depoimento liga Clinton ao massacre em Srebrenica

No Tribunal de Haia reiniciou-se o processo do general sérvio Ratko Mladic, acusado de genocídio de muçulmanos na cidade de Srebrenica, situada na Bósnia-Herzegovina, em julho de 1995. O antigo chefe da Polícia de Srebrenica, Hakie Meholic, em depoimentos à revista Dani citou as palavras de Izetbegovic à delegação de Srebrenica, quando ele denunciou a proposta do ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton de provocar intervenção militar na cidade.

Bombardeio da OTAN na Sérvia

Srebrenica tornou-se sinônimo de um ato de genocídio da população muçulmana que teria sido perpetrado pelas Forças Armadas da Sérvia em julho de 1995. As primeiras manipulações relativas ao número exato de vítimas vieram à tona naquela altura e, em 2009, o Parlamento Europeu proclamou o dia 11 de julho como "uma jornada de homenagem às vítimas do genocídio em Srebrenica onde, em 1995, os sérvios bósnios massacraram oito mil civis".

Com o passaro tempo, começaram a surgir novos documentos e materiais a apresentar uma versão diferente dos acontecimentos e a corrigir o número de vítimas mortais. Foram entrevistados vários testemunhas e participantes, bem como examinados os documentos preparados por alguns serviços especiais. A par disso, continuam a ser efetuados inquéritos analíticos a cargo de jornalistas e cientistas do Ocidente.

O Relatório do Secretário Geral da ONU sobre a capitulação de Srebrenica (1999) refere que, "segundo alguns sérvios locais, o presidente Izetbegovic tinha conhecimento de uma eventual ingerência da OTAN na Bósnia a acontecer no caso dos sérvios invadirem a cidade e lá matarem ao menos 5000 habitantes".

O fato foi confirmado pelo antigo chefe da Polícia de Srebrenica, Hakie Meholic que, em depoimentos à revista Dani citou as palavras de Izetbegovic à delegação de Srebrenica, quando ele denunciou o então presidente dos EUA: "Fiquem sabendo o que me propôs Clinton em abril de 1993 – tomar de assalto a cidade, assassinar cinco mil muçulmanos e provocar assim uma nova intervenção militar".

Agora, perante tal confissão, resta perguntar se houve vítimas. Em 2003-2006, em valas comuns foram descobertos os corpos de 2.442 pessoas que teriam sido fuziladas em julho de 1995. No entanto, 914 daquelas pessoas participaram nas eleições que de setembro de 1996. A análise do exame médico-legal, realizado por peritos do Tribunal de Haia com base em estudo dos restos mortais, demonstra que em 92,4% de casos a causa da morte não foi estabelecida.

Em julho de 1995, nas Forças de Paz da ONU estacionadas na Bósnia, entre os numerosos jornalistas não foi possível encontrar uma única testemunha ocular do alegado genocídio.

É que sob pressão da União Europeia, a Sérvia se apressou a reconhecer a sua culpa. Não fazia sentido fazê-lo até que fossem esclarecidas e tornadas públicas todas as circunstâncias dos acontecimentos em Srebrenica. Caso contrário, será confirmada a hipótese da OTAN, segundo a qual se poderá atribuir a culpa por tudo ocorrido nos Balcãs, nos anos 90, aos sérvios, e justificar, deste modo, os bombardeamentos realizados pela OTAN em 1999.

Com informações da rádio Voz da Rússia