Zé Dirceu: Governo paulista reconhece "escalada da violência"

Agora que o secretário de segurança pública do Estado, Antônio Ferreira Pinto, admitiu haver uma "escalada da violência" em São Paulo, que tal ele e/ou o governador Geraldo Alckmin responderem, de fato, a questão de fundo que tem de ser respondida: quem deu a licença, a ordem e a senha para as policias militar e civil (partes nessa escalada) de São Paulo, responderem a violência do crime organizado com a violência oficial igualando-se ao crime organizado?

Por José Dirceu, em seu Blog

Quem tem de responder, o governador e seu secretário de segurança pública – comandantes das polícias – não respondeu até agora. O que, analisado friamente, torna-os coniventes. Isso mesmo, coniventes com práticas policiais ignominiosas, abomináveis, como essa denunciada pela família do publicitário Ricardo Prudente (assassinado por policiais há uma semana) de que as 50 gramas de maconha encontradas em seu carro (se foi realmente encontrada) foi "plantada" pela polícia.

E "plantada" com o único objetivo de encobrir um crime que a policia praticou friamente, já que tem licença para equiparar-se ao crime organizado. A família do publicitário não aceita e contesta a versão do boletim de ocorrência registrada pelo cabo e dois PMs, de que mataram Ricardo com rajadas de tiros porque ele resistiu, não parou e fugiu numa abordagem policial.

Família contesta ponto por ponto versão da polícia

A família do publicitário aponta quatro contradições nessa história: Ricardo não era de resistir a uma abordagem policial; os tiros que o mataram foram dados de curta distância; o carro estava parado normalmente junto ao meio fio; e a maconha "plantada" no veículo, ainda que existisse realmente não justifica o assassinato.

Ainda sem responder sobre quem deu a licença, e depois de passar da 5ª feira pp ao domingo garantindo que a polícia de São Paulo e a situação no Estado estão sob controle, o secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto, finalmente foi obrigado a reconhecer que outro crime (o que levou à morte anteontem, num asssalto na av. 9 de Julho, o bancário Tomasso Lotto, cidadão italiano de 26 anos) é parte de uma "escalada de violência" no Estado.

OK, reconhecer a "escalada de violência" já pode ser um passo para adotar soluções para debelá-la e responder à pergunta que não quer calar: quem deu licença para a polícia agir como age? O secretario lamentou o fato e disse que tentativas de assalto como a que vitimou Lotto acontecem em vários lugares da capital paulista.

Governador e secretário são os comandantes da polícia

"A gente lamenta (esses roubos), e o DHPP e o DEIC fazem todas as investigações no sentido de elucidar este crime. Mas, (ocorre) em Cidade Tiradentes, em Itaquera, no Jardim Ângela. Lamentavelmente é a escalada da violência", reconheceu Ferreira Pinto, em entrevista ao SPTV da Rede Globo.

Reconhecida a escalada em parte protagonizada pela polícia, insisto: que tal o governo paulista, o governador e/ou seu secretário responderem quem deu a licença, a ordem e a senha para as policias, militar e civil de São Paulo responderem a violência do crime organizado com a violência oficial igualando-se ao crime organizado?