Angela Merkel chega à China, na segunda viagem deste ano
O presidente chinês Hu Jintao recebeu hoje (30) em Beijing a chanceler alemã, Angela Merkel que preside à 2ª rodada da negociação governamental China-Alemanha. Na pauta, entre outros temas, disputas comerciais entre os dois países.
Publicado 30/08/2012 15:55

A dívida europeia foi uma das pautas abordadas durante o encontro bilateral. Hu Jintao manifestou a disposição da China para manter a comunicação e coordenação com a comunidade internacional, de forma a prevenir riscos e preservar a estabilidade financeira global.
Para Hu ponderou que a saída europeia, o mais brevemente possível, da crise econômica ajudará a recuperação da estabilidade da economia mundial e beneficiará também o desenvolvimento chinês. O presidente ainda reiterou o apoio chinês aos esforços europeus, em conjunto com o Fundo Monetário Internacional, dedicados à resolução da crise de dívida.
Merkel agradeceu a confiança e o apoio disponibilizado pela China à zona do euro e à economia europeia diante das incertezas econômicas mundiais e das dificuldades. A Alemanha, disse ela, quer reforçar a cooperação Europa-China no comércio e investimento, e se opõe a uma postura protecionista.
A necessidade do diálogo
Atualmente, várias disputas anti-dumping e anti-compensação estão em andamento entre a China e a Alemanha. Especialistas acreditam que a maneira ideal de resolver o problema é concretizar uma consulta multilateral, em vez de um sistema comercial bilateral. É nesse que ocorre a segunda visita neste ano da chanceler alemã Angela Merkel à China.
Envolvendo a maior nova economia do mundo e o país mais forte da Europa, as cooperações sino-alemãs beneficiam a ambos e também desempenham um papel importante na recuperação econômica mundial. O responsável pelo projeto econômico europeu do Instituto das Relações Internacionais Contemporâneas, Liu Mingli, ressaltou a importância do encontro:
"Angela Merkel vai, com certeza, promover as cooperações entre a China e a Alemanha nas áreas em que seu país tem mais competitividade, como novas energias, indústria fotovoltaica e energia nuclear. Assim, também vai facilitar a importação chinesa de tecnologia e ajudar o país asiático a atrair mais investimentos. No contexto da crise comercial mundial, as duas nações ganham importância uma para outra. Crescer através da exportação é uma necessidade para os dois lados. Então, as cooperações são mais importantes nesse caso."
As relações comerciais entre China e Alemanha se desenvolvem bem, mas ocorreram algumas questões nos últimos anos. A "Big Four" da indústria de polissilício da China, quatro empresas que ocupam 80% do mercado no setor, apresentou denúncia ao Ministério do Comércio pedindo a investigação de anti-dumping e anti-compensação da indústria da Europa. A maior parte da importação do produto é feita da Alemanha.
Analistas apontaram que a denúncia foi uma resposta à da gigante alemã de célula fotovoltaica, SolarWorld que, em 24 de julho, pediu o inicio de uma investigação anti-dumping e anti-compensação contra a China. O volume de exportação de produto fotovoltaico da China à União Europeia foi de 20,4 bilhões de dólares no ano passado. Se o bloco europeu aceitar iniciar a investigação, o caso envolverá o maior volume comercial na história.
Liu Mingli disse que, com o crescimento da competitividade comercial da China, o aumento de atritos comerciais é inevitável. Para ele, é preciso aprender com as experiências da Europa e dos Estados Unidos para resolver as disputas comerciais:
"Os Estados Unidos e a União Europeia são economias competitivas no mundo. Mesmo sendo parceiros, ocorrem várias disputas provocadas por anti-dumping e anti-compensação. No entanto, essas disputas não influenciam as cooperações econômicas nem suas relações."
Para Liu Mingli, a consulta sob o sistema multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma maneira eficaz para resolver os atritos entre a China e a Europa na indústria fotovoltaica:
"Acho que o sistema multilateral da OMC é uma plataforma para realizar conversação, consulta e resolução das disputas comerciais. A resolução bilateral pode provocar retaliação comercial e até piorar os atritos. Devemos pensar em resolver as questões com outras economias desenvolvidas através desta plataforma."
Além disso, Liu Mingli acredita que os intercâmbios políticos também ajudarão a alcançar uma solução para as disputas:
"Promover as cooperações econômicas através das relações políticas cada vez mais estreitas é uma medida eficaz. Revendo o processo de desenvolvimento comercial entre China e Europa, podemos perceber que a relação política sempre influenciou as relações econômicas."
Com informaões da Rádio China Internacional