Santiago Carrillo (1915-2012)

O histórico dirigente do Partido Comunista Espanhol morre em Madri, aos 97 anos de idade.

Santiago Carrillo

Santiago Carrillo, histórico dirigente do Partido Comunista Espanhol e figura chave da oposição à ditadura franquista e, mais tarde, na transição para a democracia, em meados da década de 1970, morreu nesta terça-feira (18) em sua residência, em Madri, aos 97 anos de idade.

Nascido em 18 de janeiro de 1915, ele começou a militância política em 1928 quando, aos 13 anos de idade, aderiu à Juventude Socialista. Após o fim da guerra civil espanhola (1936/1939), Carrillo viveu 38 anos no exílio (União Soviética, EUA, Argentina, México, Argélia e França). Voltou à Espanha em 1976; no ano seguinte, o Partido Comunista Espanhol (ao qual era filiado desde 1936) foi legalizado e, na primeira eleição após a redemocratização, elegeu-se deputado, sendo reeleito em 1979 e 1982.

Naqueles anos foi um dos principais dirigentes, e formuladores, da corrente que ficou conhecida como eurocomunismo, que envolvia principalmente os partidos comunistas da Espanha, Itália e França, e que se apresentava como uma versão “democrática” da proposta comunista, uma “terceira via”, entre a socialdemocracia herdeira da II Internacional e os governos comunistas dos países do Leste Europeu. O eurocomunismo defendia uma transição ao socialismo que preservasse muitas características dos sistemas parlamentares vigentes na Europa, abandonando a proposta de revolução socialista em troca de uma tática evolucionista que ampliasse sua base social para chegar ao poder por via eleitoral.

Carrillo, que foi o principal dirigente comunista espanhol desde 1960, entrou num intenso debate com outros dirigentes partidários; em 1982 deixou o cargo de Secretário Geral e em 1985 afasta-se do próprio PCE. Sua morte foi lamentada por José Luis Centella, Secretário Geral do PCE, para quem ele foi uma pessoa que “entregou sua vida à luta e à defesa do comunismo”.

José Carlos Ruy, com agências