EUA retiram tropas do Afeganistão, mas deixam mercenários
As últimas tropas norte-americanas remanescentes da operação militar de 2009 deixaram o Afeganistão nesta sexta-feira (21), uma semana antes do que o previsto. À primeira vista, a retirada das forças pode parecer um sinal do fim da ocupação do país, mas dados mostram que os Estados Unidos ainda cravam suas botas no Afeganistão.
Publicado 21/09/2012 17:00

Enquanto o número de militares norte-americanos diminui, a presença de forças de segurança privada contratadas pelo governo dos EUA aumenta. Não existe número certo sobre quantos mercenários servem atualmente no território afegão por conta do alto índice de subcontratações e falta de clareza nas informações.
O Departamento de Estado norte-americano estimou que, em 2011, existiam mais de 18 mil mercenários no país e o pesquisador Jeremy Scahill, em artigo no site The Nation, informou a existência de mais de 160 mil oficiais da segurança privada naquele ano.
Grande parte dos mercenários foi contratada no mesmo momento em que as autoridades norte-americanas decidiram enviar as 33 mil tropas da operação de 2009. Os militares norte-americanos tinham como suposto objetivo combater o grupo terrorista talibã, que ganhava força no período.
O governo estabeleceu que todas as tropas enviadas para essa investida deveriam ser retiradas do Afeganistão até o final de setembro de 2012 e acabou por cumprir sua meta com uma semana de antecedência. A medida provocou um extenso debate na época com muitos norte-americanos se opondo ao aumento das forças.
Nos últimos seis meses, os oficiais norte-americanos destacados na investida estão retornando aos EUA. Nesta sexta (21), aqueles que ainda permaneciam no Afeganistão voltaram às suas casas.
O término desta operação, no entanto, não ganhou a atenção de autoridades dos EUA nem do Afeganistão. O comunicado da retirada das tropas remanescentes não foi realizado pelos presidentes Barack Obama e Hamid Karzai e nem mesmo pelo comandante militar dos EUA no país, o General John R Allen. O aviso veio de outro continente pelo secretário de defesa norte-americano, Leon Pannetta, que visita a Nova Zelândia.
A retirada não foi nem mencionada no discurso de quinta-feira (20) de Simon Glass, represente civil da Otan no país há mais de 18 meses, nem no de Jan Kubis, representante das Nações Unidas em Kabul, ao Conselho de Segurança.
Três anos depois do envio de tropas e mercenários, o nível de violência no país permanece alto. No primeiro semestre de 2010, cerca de 1,2 mil civis foram mortos. Nesse mesmo período em 2012, apenas cem pessoas a menos morreram, como informou o jornal norte-americano New York Times citando dados da ONU.
Fonte: Opera Mundi