Paquistão promove passeata contra drones dos EUA

 O politizado jogador de críquete Imran Khan comanda, nesta sábado (6) uma passeata que partirá desta capital em direção às regiões tribais do noroeste do Paquistão para protestar contra os letais ataques dos aviões teleguiados dos Estados Unidos.

O líder do Tehrik-e-Insaf (Movimento Paquistanês pela Justiça, PTI) convidou os demais partidos a "fazerem história" e somarem-se à caminhada, que deve chegar no domingo à província de Waziristão do Norte, onde haverá um ato massivo.

Khan assinalou que o governo e o presidente Asif Ali Zardari serão responsáveis por qualquer represália ou ato violento contra a passeata.

"Nem o exército nem os talibãs criticaram a marcha pela paz. Somente o Governo bloqueou as estradas para impedir a realização da passeata contra os ataques com aviões não-tripulados", denunciou.

Dominado durante décadas pelo Partido Popular do Paquistão (PPP) e a Liga Muçulmana do Paquistão, quando não pelos militares, o cenário político paquistanês está sendo testemunha da vertiginosa ascensão do Tehrik-e-Insaf e de seu presidente, o antigo jogador de críquete.

Khan criticou o governo por permitir aos Estados Unidos colocarem as incursões dos drones como uma prioridade nas operações militares contra a insurgência. Recordou que isso só tem recrudescido o extremismo e chamou os governantes do país a "saírem desta guerra".

Já perdemos 40 mil vidas inocentes lutando por outros, temos que pôr fim a isto agora mesmo, ou caso contrário será demasiado tarde, disse.

Assim que foi anunciada a marcha, os chefes das regiões tribais paquistanesas expressaram seu apoio, enquanto importantes comandantes talibãs levantaram suas ameaças de morte contra Khan e prometeram proteção aos manifestantes ao longo do trajeto para Waziristão.

"Estamos prontos para dar-lhes segurança se precisarem. Apoiamos as reivindicações de Imran Khan de cessar os ataques dos drones", disse um porta-voz dos rebeldes.

"Os protestos contra os aviões não-tripulados deveriam ter sido iniciados pelos líderes religiosos há muito tempo, mas Imran tomou a iniciativa e não faríamos dano a ele nem a seus seguidores", agregou.

Integrado em 1996, o PTI só deu demonstrações de certa penetração popular no ano passado, quando inesperadamente Khan reuniu mais de 100 mil pessoas em um ato na cidade de Lahore.

A comunidade internacional observa com uma mistura de interesse e cautela o aumento do capital político do ex-esportista, cujas enérgicas declarações contra a guerra e a aliança com os Estados Unidos lhe valeram o sobrenome de "o talibã Khan".

Analistas locais perguntam-se se sua popularidade reflete uma mudança na opinião pública ou provém de um apoio encoberto do exército e de seus poderosos serviços de inteligência, opostos à subordinação do governo aos mandos do Ocidente.

Fonte: Prensa Latina