Turquia dispara contra Síria e eleva tensão na fronteira

As Forças Armadas sírias se encontram em estado de alerta máximo na fornteira com a Turquia, para responder a qualquer ataque que venha deste país, informou uma fonte militar nesta quinta (4). O clima de tensão domina a área desde ontem, quando a Turquia bombardeou alvos na Síria em represália a um ataque lançado do território sírio que matou cinco pessoas em um povoado turco na fronteira. Damasco nega ter ordenado os disparos e investiga a procedência deles.

"As tropas sírias estão em total alerta para respnder a qualquer agressão turca", assegurou um porta-voz que solicitou anonimato. Ele também sustentou que é a Turquia que viola diariamente a soberania síria, ao oferecer seu território para a passagem de jihadistas e agentes da rede terrorista Al-Qaeda, que fomentam um clima de violência na Síria.

O ambiente na fronteira ficou após a explosão de um morteiro na aldeia turca de Akçakale, supostamente disparado durante um confronto entre bandos armados e as forças do Exército árabe sírio (EAS).

De acordo com fontes em Ancara, o governo turco ordenou e o exército executou ações de resposta contra os pontos próximos à fronteira, na província síria de Idleb, a 320 quilômetros ao norte da capital. A decisão turca de bombardear o território sírio foi anunciada após uma reunião entre o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, e o chefe das Forças Armadas.

A ação que Ancara atribui a forças do governo sírio ocorreu em uma área onde há forte presença de grupos rebeldes com base na Turquia e são apoiado por esse país, alertam os analistas, que não descarta que o incidente seja usado para provocar um confronto armado entre as duas nações.

Na quarta-feira, o vice-primeiro ministro turco, Bulent Arinc, praticamente fez uma declaração de guerra, quando afirmou que o incidente exigia uma resposta, de acordo com o direito internacional. "É a gota que faz transbordar o vaso e aplicaremos represálias", completou Arinc, citado pelo jornal turco Hurriyet.

"As disposições da Otan são muito claras e determinam que todos os países-membros têm a responsabilidade de responder quando um deles é agredido. Quando nossos cidadãos perdem a vida e nosso território é atacado, claro que protegeremos nossos direitos", ameaçou o vice-primeiro-ministro.

Na noite passada, o ministro da Informação sírio, Omran al-Zoubi, disse que seu governo investiga a origem do disparo do morteiro. Ele expressou condolências às famílias dos mortos e ao povo turco.

Zoubi disse à televisão local que, em casos de incidentes de fronteira entre dois vizinhos, os governos devem agir com prudência e de maneira racional e responsável. Em particular neste caso, porque há grupos armados na fronteira sírio-turca, com agendas e identidades diferentes umas das outras, o que significa uma ameaça para a segurança da Síria e dos países da região.

O ministro indicou que a fronteira sírio-turca é extensa e usada para o contrabando de armas e munições e para a passagem de terroristas armados que cometem massacres na Síria, o último deles ocorrido ontem, em Aleppo, onde os ataques com carros-bomba mataram 34 pessoas e deixaram mais de 122 feridos.

Ele afirmou que seu país baseia seu comportamento com os países vizinhos nas regras da boa vizinhança e no respeito às soberanias nacionais e, em troca, requer o respeito à sua soberania nacional e a cooperação no controle de fronteiras para impedir a infiltração de insurgentes e terroristas.

Com Prensa Latina