Espanha: Socialistas exigem demissão do primeiro ministro

O secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Alfredo Pérez Rubalcaba, exigiu neste domingo (3) a demissão do chefe do Governo, Mariano Rajoy, por ter conduzido a Espanha a uma situação “ingovernável”.

“Deve dar lugar a outro presidente de governo que seja capaz de restituir a credibilidade do país”, lê-se na declaração institucional do líder do PSOE. Já no sábado (2), Rubalcaba tinha afirmado que a divulgação dos registros de contabilidade paralela de Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do Partido Popular (PP), que começaram a ser publicados pelo El País na quarta-feira (30 de janeiro), colocava Espanha numa situação “inviável, impossível e ingovernável”.

O jornal reproduziu vários documentos contabilísticos que alegadamente provam uma contabilidade paralela no Partido Popular. Durante duas décadas isso terá permitido aos dirigentes beneficiar de dinheiro recebido de donativos empresariais ilegais.

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Os documentos do ex-tesoureiro do PP mostram que Rajoy terá recebido, desde 1997, cerca de 25 mil euros por ano, para além do seu salário oficial. Na lista de Bárcenas surgem também, entre outros, os nomes de Rodrigo Rato, Jaime Mayor Oreja, Francisco Álvarez-Cascos, Javier Arenas, Ángel Acebes e Dolores de Cospedal, atual secretária-geral do PP.

Na contabilidade secreta, para lá dos pagamentos à cúpula do partido, surgem ainda referências a “doações” feitas por empresários, na sua maioria ligados à construção civil. Seria deste dinheiro de entrava paralela na contabilidade do PP que saíam os pagamentos extra aos dirigentes.

No sábado, Mariano Rajoy, negou ter recebido dinheiro “por baixo da mesa” e anunciou que vai tornar pública a declaração de rendimentos. “Nunca recebi nem distribuí 'dinheiro negro' [como os espanhóis designam o dinheiro pago 'à parte' para não ser sujeito a impostos]. Nem neste partido, nem em nenhum lugar”, disse.

Para Rubalcaba, a cada dia que passa a situação torna-se “mais crítica” para Rajoy e para a Espanha. “Cada manhã se complicam mais as coisas”, disse Rubalcaba, que, perante o agudizar da crise política, cancelou a sua deslocação a Lisboa, onde deveria participar, neste domingo (3), de uma reunião da Internacional Socialista.

Fonte: Público.pt