PCdoB debate crise do capitalismo e geopolítica internacional
Entender os impactos da crise do capitalismo e a dinâmica da geopolítica internacional. Essa foi a tônica da mesa de encerramento do Seminário ‘Balanço de uma década de governo democrático e as bases de uma nova arrancada’, que foi realizado, entre os dias 4 e 5 de maio, em São Paulo, pela Fundação Maurício Grabois em parceria com o Partido Comunista do Brasil.
Joanne Mota, do Portal Vermelho em São Paulo
Publicado 05/05/2013 19:48
A mesa de encerramento, que foi coordenada por Sérgio Barroso, diretor da fundação Mauricio Grabois, contou com a participação de Luiz Gonzaga Beluzzo, economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp); Renildo Souza, professor de economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Luis Fernandes Lima, cientista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ); Ricardo Alemão Abreu, secretário Relações Internacionais do PCdoB.
A partir de uma ampla exposição de dados e o esquadrinhamento dos principais conceitos, Gonzaga Belluzzo e Renildo Souza explicaram as etapas da crise econômica, os níveis de agressão nos países atingidos, as decisões tomadas pelas nações hegemônicas e os impactos dessas decisões no desenvolvimento dos países explorados.
Geopolítica e a crise econômica
Durante sua fala, Luis Fernandes Lima refletiu sobre a geopolítica e destacou que, atualmente, esse tema assumiu um novo papel na dinâmica mundial. Segundo ele, “dois processos estruturantes e entrelaçados ganham força e marcam a atual transição. O primeiro foi o fim da guerra fria, com o colapso do campo socialista; e segundo, o fortalecimento do modelo neoliberal nas décadas finais do século XX, associado a intensificação dos processos de desenvolvimento desigual no mundo, desenvolvimento aqui entendido a partir da chave de esquerda de Lênin, a partir de sua teoria do imperialismo”.
Fernandes acrescenta que “vivemos um momento de transição, marcado pela erosão da hegemonia americana. Mas que fique claro, não significa o enfraquecimento dos Estado Unidos". E lembra que a crise emerge dos processos criados pelos Estados Unidos e as nações parceiras.
Socialismo no século 21
O secretário de Relações Internacionais, Ricardo Alemão Abreu reforçou a discussão ao refletir sobre a luta rumo ao socialismo. Ele pontuou as contribuições essenciais da frente anti-imperialista no mundo no embate aos impactos da crise.
Alemão também ponderou que as crises, em muitos momentos da história quando não em todos, deram origem a guerras sangrentas e de dimensões gigantes. E alertou que esse sempre foi a receita prática da nações imperialistas para combater as crises.
“Existe uma verdadeira organização para legitimar os processos de guerra e a mídia internacional joga um papel estratégico nesse processo. Essa mídia conservadora e golpista demoniza as nações que se opõem ao modelo hegemônico, basta ver como ela descreve a Coreia Popular e a Síria”, denunciou.
América Latina
Sobre o papel jogado pela América Latina, o dirigente comunista ressaltou como as mudanças ocorridas nos últimos 15 anos, tornaram a América Latina um espaço fértil para a construção de um modelo alternativo ao que está aí. Como exemplo, ele citou o papel da Venezuela de Hugo Chávez neste processo.
“Internacionalismo proletário e as amplas alianças são fundamentais para fazer frente a atual conjuntura, seja para se opor as investidas imperialistas, seja para propor um modelo alternativo ao apresentado pelas nações neoliberais. Trata-se de retomar a luta pelo socialismo no século 21”, disse ao Vermelho, o dirigente
Alemão defende que “é chegada a hora de pensar em um projeto de desenvolvimento nacional que tenha como único foco a transição para o socialismo, com a cara no nosso país. Ou seja, não podemos implementar uma cópia do que já ocorre em outras nações, mas sim olhar para nossa realidade e construir, através de uma amplo debate, um socialismo com a cara do Brasil. A estratégia de rumo ao socialismo deve estar presente nos projetos nacionais da América latina e Caribe, e essa integração deve ser fortalecida”.
Homenagem à Hugo Chávez
Rendeu homenagem ao comandante Hugo Chávez, que foi aplaudido por todos os presentes, não só por sua contribuição à Venezuela, mas também pelo grande líder de dimensões mundiais e de sua postura firme na luta pela paz, pela soberania e igualdade entre os povos.