Haroldo Lima homenageia as lutas e a vida de Pedro Pomar

O dirigente histórico do PCdoB, Pedro Pomar, foi homenageado nesta segunda-feira (20), pela Câmara Municipal de São Paulo. A emocionante sessão solene marcou o centenário de Pomar — covardemente assassinado pelo Comando do Exército na Chacina da Lapa, em 1976.

Dirigentes que militaram com Pomar foram à Tribuna da Câmara para exaltar o papel do dirigente na defesa da democracia e do povo brasileiro. O membro do Comitê Central do PCdoB, Haroldo Lima, registrou as lutas e vida de Pomar. Em sua fala, ele lembrou — sobretudo para as novas gerações que o Brasil vive há décadas em liberdade política. Ele lembrou, no entanto que, no passado, “as liberdades não duravam tanto tempo assim”. 

“É por isso que, na longa trajetória de lutas vividas por Pedro Pomar, ele passou, anos a fio, junto ao povo, se batendo pela conquista da liberdade política. Isto se deu nos períodos ditatoriais dos governos de Vargas; no governo repressivo do general Dutra; e desde o primeiro dia em que a ditadura militar de 1964 se implantou no Brasil até o momento em que essa mesma ditadura o assassinou”.

Haroldo ressaltou a participação de Pomar no Comício do Pacaembu, em 15 de julho de 1945, quando o principal líder comunista da época Luis Carlos Prestes deixou a prisão. “O comício do Pacaembu foi um evento notável, um êxito enorme. Um dos seus principais organizadores foi Pedro Pomar”, lembrou.

Beneficiando-se das liberdades conquistadas na Constituição de 1946, os parlamentares comunistas da Câmara Federal receberam grande reforço em 1947 com a eleição de Pedro Pomar e Diógenes Arruda Câmara. A votação de Pomar foi a maior da época, mais de 100 mil votos.

“No início da década de 1950, liberdades existiam, mas não a ponto de aceitar a legalidade do Partido Comunista. Este mantinha uma rede de aproximadamente 25 jornais pelos diferentes estados, que sistematicamente eram atacados pelos órgãos de segurança, mas que se permaneciam de pé, na base de um esforço denodado. A direção desse trabalho, e especialmente do jornal Imprensa Popular, era feita por Pedro Pomar”.

O papel de Pomar na reorganização do Partido Comunista do Brasil, em 1962, também foi citado por Haroldo como um os mais importantes de sua trajetória política. “Aí aparece a qualidade ideológica do dirigente, sua visão consequente, a percepção histórica do que estava em jogo, a coragem para a defesa de ideias quando se está em minoria, tudo aquilo que vai fazer de Pomar, como de alguns outros, dos maiores dirigentes comunistas do Brasil”.

O Partido reorganizado em 1962 era a continuidade do antigo Partido, mas promoveu alterações substanciais na sua maneira de agir. Algumas delas continuam até hoje e se aprofundam, mas em seu nascedouro tiveram a marca dos três reorganizadores de 1962, Amazonas, Grabois e Pomar. Entre as marcas, o membro do Comitê Central cita a luta do PCdoB por “ligar-se cada vez mais aos problemas reais do Brasil, fazendo política no curso dos acontecimentos, acompanhando as mudanças que se sucedem no Brasil e no mundo, econômicas, tecnológicas, culturais, de correlação de forças e, também, e, sobretudo, mudanças nas formas de se construir o socialismo e lutar por ele”.

Pouco depois de reorganizado, o Partido depara-se com nova ditadura no país, implantada em 1964, a mais duradoura de nossa história. O núcleo dirigente central de Amazonas, Grabois e Pomar, unido e firme, lidera o conjunto partidário a oferecer resistência em todos os terrenos ao governo despótico. No desdobramento dessa diretriz surge a Guerrilha do Araguaia.

“Por outro lado, o Partido dá atenção às forças de outras origens que podem engrossar suas próprias fileiras. E, pela sua história, pela sua defesa do socialismo e pelo enfrentamento que fazia à ditadura em todos os níveis, o Partido atrai e incorpora Ação Popular, a organização revolucionária de maior extensão e mais bem plantada em setores sociais do Brasil na época”.

“Particularmente na apreciação da Guerrilha do Araguaia, Pedro Pomar ressaltou méritos, mas questionou métodos, aprofundou análises, polarizou debates. Nunca ficou “em cima do muro” e nunca trabalhou contra o Partido. Morreu sem poder terminar o debate que fazia. Morreu sem ver o fim da ditadura, contra a qual lutou denodadamente, e sem ver a conquista da tão sonhada liberdade política para o povo brasileiro. Mas morreu no posto de comando de maior responsabilidade e honra do Partido, presidindo e orientando uma reunião do Comitê Central de seu Partido, o Partido Comunista do Brasil. Pedro Pomar, presente”.

Da redação