Brasilienses mostram sua hospitalidade aos migrantes

Com a expectativa de uma vida melhor, 4.477 refugiados vivem no Brasil atualmente. Quando eles chegam ao País, com pouco dinheiro, sem conhecimento da língua portuguesa e sozinhos, dependem apenas da caridade e sensibilidade da população mundialmente conhecida pela hospitalidade.

Em Brasília, o Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), no Varjão, vem exercendo esse papel e iniciou, este mês, um curso de português em Samambaia, com a colaboração do Centro de Saúde Samambaia Norte e da Escola Classe 431, para ajudar esses estrangeiros enquanto aguardam o processo do visto ser julgado.

Formada em Relações Públicas e, agora, estudante na faculdade de Direitos Humanos, Kamila Araújo é voluntária no IMDH e coordena o curso de português em Samambaia. Com ela ainda trabalham Roberta Quintino e Carlos Cesar, dando apoio nas aulas e buscando doações, sempre bem vindas ao instituto.

Aprendizado

Aos 16 alunos que nunca tiveram contato com a língua portuguesa, Kamila ensina o básico para que eles se comuniquem e consigam melhorar a situação de vida no Brasil. “Creio que muita gente nem sabe da existência deles. E eu me coloquei no lugar deles. Tive uma oportunidade de fazer um intercâmbio, tinha uma família me recepcionando, trabalhava, tinha escola, e mesmo assim foi difícil. Imagina eles que não têm muito com quem contar. Qualquer coisa para eles é difícil”, diz.

A diretora do IMDH, Irmã Rosita agradece a ajuda de voluntários que fizeram acontecer o curso de português no ano passado, no Varjão, o qual formou 18 estrangeiros e espera que esse ano seja mais um sucesso. “É promissor ver aquelas pessoas, com idades entre 20 e 40 anos, sentadas em sala de aula, com uma atenção exemplar, esforçando-se para pronunciar devidamente o ABC. Recordemos que muitos destes imigrantes e refugiados falam línguas locais, muitas vezes utilizando inclusive caracteres que não são os do nosso alfabeto. Ou seja, trata-se de uma iniciação básica fundamental para a comunicação falada e aprendizagem do idioma”, esclarece.

O IMDH está aberto para doações e a voluntários que queiram ajudar. Para saber mais, basta acessar o site www.migrante.org.br/IMDH/. Também é possível entrar em contato com a Irmã Rosita pelo telefone (61) 8173-7688 ou no e-mail: imdh.diretoria@migrante.org.br.

Para muitos, ficar no Brasil é a melhor saída

Inúmeros são os motivos que levam os refugiados a saírem de sua terra natal. No caso do africano Barhebwa Mark, 48 anos, ele pediu asilo em Brasília por falta de segurança na República Democrática do Congo. “Estava com problema de guerra tribal e civil, não me sentia seguro. Quando cheguei aqui, em 2011, a Polícia Federal me encaminhou para o Instituto de Migrações e Direitos Humanos e conheci a Irmã Rosita, que me ajudou a conseguir a permanência. Graças a ela que falo português”.

Atualmente, Mark mora em Brasília, se comunica em português tranquilamente e conseguiu um trabalho com carteira assinada, além de ter sido aceito em um curso de português para estrangeiros na UnB. O sonho dele é conseguir juntar dinheiro para ajudar o resto da família, que não vê há cinco anos.

Ainda tem pessoas que estão aguardando o processo judicial. Enquanto isso, recebem uma carteira de trabalho e a permissão temporária para se manter no País. Claudio (nome fictício), 25 anos, está nessa situação. Ele chegou ao Brasil há dois meses, após protestar regras e leis do governo de onde morava, em um país asiático.

Memória

Muitos estrangeiros chegam ao Brasil em busca de uma vida melhor, alguns atraídos por falsas promessas.

Em maio deste ano, 80 estrangeiros foram encontrados pela Polícia Federal, em um alojamento em Samambaia, vivendo em situações precárias.

Eles eram aliciados por uma quadrilha que os atraiam com falsas promessas de salários entre US$ 1 mil e US$ 1,5 mil.

A situação migratória dos estrangeiros era regularizada por meio do pedido de refúgio, o que permitia a eles receber carteira de trabalho e CPF. A polícia ofereceu abrigo para os estrangeiros, mas eles não aceitaram.