Dilma deve propor ao papa ação articulada contra a pobreza

A presidenta Dilma Rousseff deverá propor nesta segunda-feira (22) ao papa Francisco apoio a projetos internacionais de combate à pobreza e à exclusão social, como iniciativas voltadas para o continente africano. O tema fará parte da conversa reservada da presidenta com o pontífice, na qual Dilma dirá que o governo brasileiro e o Vaticano podem unificar ações internacionais nessas duas áreas, citando as medidas que o Brasil já desenvolve em relação à África.

Dilma receberá o papa às 16h, na base aérea do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Depois, participará da cerimônia oficial de chegada do pontífice, às 17h, no Palácio Guanabara. Em seguida, às 18h, terá o encontro privado.

Na saudação formal, Dilma deverá destacar a "coincidência" que acredita haver entre a opção do papa pelos pobres e a "prioridade histórica" de seu governo e do de Lula com programas para combater a pobreza no Brasil.

A presidenta não deve tocar em temas religiosos nas conversas com o papa. Quando seu antecessor, Bento XVI, visitou o país, em 2007, havia na agenda diplomática a assinatura de acordo com a Santa Sé, o que foi consolidado no ano seguinte por Lula em viagem ao Vaticano.

Para assessores, Dilma está "impressionada positivamente" com o estilo simples e conectado do novo papa com as questões sociais e faz a avaliação de que ele terá papel importante para estimular um debate mundial sobre o combate à pobreza.

As recentes manifestações de rua também podem fazer parte da conversa, caso o papa toque no assunto, quando Dilma deve destacar os programas na área da saúde e da educação que está lançando.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, externou que o pontífice "não tomará posição política" durante sua passagem pelo Brasil. "O papa fala sempre que a boa nova do Evangelho é para todos. Não toma partido, fala à consciência de cada um na construção da sociedade. São fortes mensagens de responsabilidade, com acentos sobre a solidariedade e o respeito aos direitos individuais."

Para Lombardi, as 17 falas do papa no país não terão "fio condutor único". "Naturalmente há temas do pontificado de Francisco: o missionarismo, o anúncio da boa nova cristã com grande abertura, a solidariedade aos pobres e às pessoas com dificuldade."

Com informações da Folha de S. Paulo