Autoridades egípcias prendem universitários em protestos

Forças de segurança egípcias prenderam dezenas de estudantes e professores universitários que protestavam contra o governo interino, sequência de distúrbios quase quotidiana aqui e em outras cidades, informaram nesta quarta-feira (23) meios de comunicação oficiais do país.

Os incidentes mais graves aconteceram na Universidade de Mansoura, no delta do Nilo, ao norte, onde as unidades antidistúrbios dispersaram com gases lacrimogêneos uma briga de rua entre alunos seguidores e opositores do presidente Mohamed Mursi, que se apedrejavam e utilizavam fogos de artifício como armas.

Um relatório do Ministério de Saúde revelou que 18 pessoas, entre elas sete seguranças, foram internados com sintomas de asfixia, ferimentos causados por pancadas e queimaduras.

Nesta capital, a Polícia prendeu 15 estudantes que organizaram um protesto em frente ao Ministério de Educação, acusados de alterar a ordem, bloquear uma rua e atacar as forças de segurança.

O reinício do curso escolar depois das festividades islâmicas de Eid el Adha, no domingo passado, tem sido turbulento, apesar dos diretores das universidades pediram aos estudantes para se centrarem nos estudos e manterem os temas políticos fora dos espaços acadêmicos.

Os enfrentamentos têm sido mais constantes na Universidade de Al Azhar, nesta capital, onde há conflitos há três dias, e na sede provincial da cidade setentrional de Alexandria, durante protestos em demanda da reinstalação do deposto presidente Mohamed Mursi.

Os estudantes acusam o Íman de Al Azhar, Ahmed El Tayyib, de apoiar a deposição de Mursi pelas Forças Armadas no dia 3 de de julho.

Combates similares aconteceram nos arredores da Universidade do Cairo, na província vizinha de Giza, perto da qual milhares de partidários de membros da Irmandade Muçulmana montaram um acampamento de protesto desde o fim de junho passado.

Outra concentração similar foi organizada nos arredores da mesquita de Rabaa El Adawiya, no distrito metropolitano da Cidade Nasser.

Ambas foram dispersadas em uma operação matutina conjunta do Exército e da Polícia no dia 14 de agosto, a qual deixou como saldo mais de 600 mortos, centenas de feridos e um grande número de detidos, depois da qual se implantou o estado de emergência e o toque de recolher em 14 das 27 províncias egípcias.

Apesar das tensões e dos protestos, ontem o escritório do premiê interino, Hazem Beblawi, anunciou que as medidas de exceção não serão estendidas para além do próximo dia 30 de novembro.

Fonte: Prensa Latina