Jorge Barreto: Identidade comunista

Algumas lutas históricas dos comunistas no mundo e no Brasil moldaram o papel desempenhado pelo Partido Comunista, reconhecido até hoje por amplos setores da sociedade.

Por Jorge Barreto*

Dentre tantos fatores formadores do que alguns chamam de identidade comunista, destaco rapidamente e de forma limitada o que considero extremamente positivos, presentes de variadas formas nas teses do congresso e que devem ser reforçados e desenvolvidos.

Desde a fundação dos partidos comunistas se colocou a ciência como arma contra o atraso e a miséria e não para o lucro máximo do capital. O Internacionalismo posto como a defesa de um projeto mundial de socialismo, de uma classe única do proletariado presente em todos os países. A referência que a revolução soviética assumiu por tantos avanços sociais que levou a seus povos, influenciando todo o século 20, o mundo e o Brasil.

A luta contra o Imperialismo e os EUA amplificada em todo o planeta. O nacionalismo brasileiro agitado contra o imperialismo, pela independência e pelo avanço social. A formação de uma nova sociedade de novos homens e mulheres buscando mais liberdade. A dedicação a causa comunista com sacrifícios pessoais, colocando a causa coletiva acima de projetos pessoais.

Os símbolos e ícones como a cor vermelha, a foice, o martelo, Marx, Lenin e outros heróis vistos pelos de dentro e pelos de fora. A representação política da classe do proletariado, realizando alianças com outras classes exploradas, em oposição à Burguesia e seus aliados.

Uma soma de tradições históricas que nos dias de hoje se associam a luta para um novo desenvolvimentismo ou para um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. À ideia do socialismo brasileiro ou do caminho brasileiro para o socialismo versus o Brasil capitalista. À integração da América do Sul e América Latina aliada à ideia de blocos como os Brics, alternativos à hegemonia imperialista.

O reforço do papel de liderança dos trabalhadores nos destinos do Partido Comunista, a maior participação das mulheres, dos jovens e da luta pela igualdade racial que se retoma e se renova. Para ficarmos em alguns dos temas de referência na história dos comunistas do Brasil e debates que se reavivam nas Teses do 13º Congresso.

Ressalva seja feita que algumas marcas que levaram a um viés negativo a nossa identidade não estão abordadas aqui, pois já as considero revisadas ou descartadas nos últimos 20 anos. Embora alguns debates sobre estas marcas pareçam inconclusos.

Mas por fim, apesar de simplificarmos às vezes o debate em relação as nossas diferenças com o PT e outras correntes e partidos de esquerda, algumas destas que até se apropriaram de parte do legado que o PCdoB justamente reivindica pra si, confundindo as massas, uma maior abrangência do debate sobre a identidade do PCdoB nos levará ao que realmente nos caracterizou como corrente revolucionária nestes 91 anos e que sempre foi além das fronteiras partidárias em todas estas décadas.

Bibliografia:
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A cultura política comunista. Minas Gerais: Editora UFMG, 2013, p.15-37.

* Jorge Barreto é membro do Comitê Estadual do Rio de Janeiro