Campanha pela reforma política democrática cresce no meio do povo
Marcha em Brasília pela reforma política democrática inicia coleta de 1,5 milhão de assinaturas ao projeto de iniciativa popular que será levado à Câmara dos Depútados; reunida em Brasília, União dos Vereadores do Brasil aprova incorporação à Coalizão pela Reforma Política Democrática
Publicado 28/11/2013 19:23

A exigência de uma reforma política democrática começa a ganhar o povo, com chance de se traduzir num movimento que tenha a dimensão do ocorrido há três décadas – a campanha pelas diretas-já que, em 1983/1984, impulsionou a luta pelo fim da ditadura militar.
O primeiro passou foi dado, nesta terça-feira (26) com a marcha que percorreu, em sentido simbólico, o trajeto entre o Museu Nacional e a Rodoviária de Brasília. O simbolismo decorre do fato de que, ao invés das tradicionais manifestações que procuram o Congresso Nacional, aquela seguiu um trajeto diferente, em busca de um local de concentração popular.
Foi o Dia Nacional de Coleta de Assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, que marcou o lançamento da campanha pela coleta de 1,5 milhões de assinaturas ao projeto de lei. A campanha é apoiada pelas mais de 60 entidades da sociedade civil que compõem a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. A 61ª foi a União dos Vereadores do Brasil que, reunida em Brasília nesta quinta-feira (28) aprovou por aclamação sua entrada na luta pela reforma política democrática, compondo a Coalizão pela Reforma Política, depois de uma palestra do dirigente comunista Aldo Arantes.
A Coalizão pela Reforma Política, formada por entidades como OAB, CNBB, CTB, UNE, Contag, entre outras da sociedade civil, tem o objetivo de impulsionar a campanha pela coleta de assinaturas à proposta de iniciativa popular pela reforma política. Ela defende também a realização de um plebiscito sobre a reforma política ampla e democrática.
Entre os objetivos da Coalizão estão: Financiamento público exclusivo de campanha; ampliação da participação da sociedade na apresentação de projetos de iniciativa popular, inclusive por meio da internet. Pela medida, 500 mil assinaturas garantiriam a apresentação de um projeto de lei; e 1,5 milhão, de proposta de emenda à Constituição (PEC); adoção do sistema eleitoral do voto dado em listas pré-ordenadas, democraticamente formadas pelos partidos, e submetidas a dois turnos de votação; regulamentação dos instrumentos da democracia participativa, previstos na Constituição; criação de instrumentos eficazes voltados aos segmentos sub-representados da população, como os afrodescendentes e indígenas.
Em pronunciamento durante o ato, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que representou a bancada comunista na Câmara do Deputados, defende também a criação das condições para reforçar a participação das mulheres na política. “Nós, mulheres, somos mais de 50% da população e menos de 10% do Congresso. Isso precisa mudar!”, disse.
Entre as autoridades e personalidades que participaram da marcha estavam o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis; o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão para Acompanhamento da Reforma Política, dom Joaquim Mol; o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado, para quem “a proposta visa uma reforma política democrática para o Brasil. Essa é uma luta que tem objetivo de dizer um sim à democracia, que de fato expresse a vontade da população”. Também participaram da manifestação o secretário-geral da Comissão Especial de Mobilização para a Reforma Política da OAB e ex-constituinte de 1987/1988, Aldo Arantes, a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Virginia Barros, e o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo.
O objetivo dos organizadores é entregar o projeto à Câmara dos Deputados em agosto de 2014. Para que a proposta de lei seja de iniciativa popular é necessária a coleta de assinaturas de aproximadamente 1,5 milhão de eleitores, número calculado de acordo com o artigo 61 da Constituição, que prevê a adesão mínima de 1% da população eleitoral, distribuídos em pelo menos cinco unidades da federação.
A reforma política democrática começa a ganhar corpo justamente na instância decisiva da soberania política: as ruas, no meio do povo, para a democracia avançar (José Carlos Ruy).
A assinatura de apoio ao projeto de lei de iniciativa popular pode ser feita online através dos sites aqui ou aqui)..
Com informações de Aldo Arantes e agências