Congresso se reúne na próxima terça-feira para analisar vetos
O Congresso Nacional se reúne na próxima terça-feira (18) para examinar 12 vetos presidenciais. O item mais polêmico é o que rejeitou integralmente o projeto que facilitava a criação de municípios. A presidenta Dilma Rousseff vetou o projeto que, em tese, possibilitaria a criação de aproximadamente 400 novas cidades, alegando que o texto contraria o interesse público.
Publicado 14/03/2014 10:42
Este e outros três vetos não chegaram a ser analisados na última sessão do Congresso, em 18 de fevereiro, e voltam à pauta. A votação foi adiada graças a uma obstrução das bancadas da Câmara que temeram não conseguir rejeitar o veto à criação de municípios por causa do baixo quórum entre os senadores.
O pouco número de senadores daria vitória ao governo, já que o veto seria analisado primeiro por aquela Casa, pois o projeto é de autoria do Senado. A obstrução foi seguida pela maioria dos partidos, deixando apenas o PT na defesa da votação do veto.
Outros vetos que não foram analisados em fevereiro e que retornam à pauta tratam do repasse de recursos públicos às universidades estaduais e municipais; da normatização da travessia de pedestres próximos às escolas; e da regulação da condução de veículos de emergência.
Minirreforma eleitoral
O veto a pontos da minirreforma eleitoral, aprovada pelo Congresso e transformada em lei em novembro, também deve gerar discussões. Entre os dispositivos vetados está o que proíbe o uso de bonecos, pinturas em muro, placas, faixas, cartazes e bandeiras em bens particulares.
Ao justificar o veto, a presidenta Dilma enfatizou que a regra criada pelos parlamentares limitava excessivamente o direito de manifestação dos cidadãos por meio do uso exclusivo de seus bens particulares.
Também não passou pelo crivo do Palácio do Planalto o item que impede a Justiça Eleitoral de determinar a suspensão do repasse de cotas do Fundo Partidário no segundo semestre de anos com eleições. O argumento para o veto foi garantir a transparência na aplicação dos recursos do fundo.
A presidenta vetou ainda um trecho que amplia o rol de pessoas jurídicas que poderiam fazer doações para siglas e candidatos. O texto aprovado no Congresso abre uma brecha para permitir que associações civis, como cooperativas, façam doações aos candidatos. Para a Presidência da República, a inclusão das associações civis pode servir como meio para doações indiretas de pessoas jurídicas.
Dois pontos que limitavam a comprovação de gastos com passagens aéreas, efetuados por partidos políticos ou pelas campanhas eleitorais, à apresentação de fatura ou duplicata emitida por agência de viagem também ficaram de fora da lei. Sem a exigência do bilhete eletrônico de embarque, o efetivo beneficiário da passagem seria desconhecido.
Outros vetos
Também poderão ser votados os vetos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014; o veto à criação dos conselhos federal e regionais de Zootecnia; o veto à obrigatoriedade de construção de pontos de apoio e de descanso para motoristas nas rodovias federais administradas por empresas privadas ; o veto à inclusão da comercialização da carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos; e o veto à concessão da meia-passagem para pessoas de até 29 anos, prevista no Estatuto da Juventude.
Podem ainda ser analisados outros dois vetos, o do dispositivo da proposta que criou a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural; e o veto a trecho da proposta que altera o Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 em diversos itens.
Voto aberto
As regras para votação dos vetos ainda não foram acordadas pelos parlamentares. Depois de várias polêmicas sobre o andamento da primeira votação de veto com voto aberto, em dezembro de 2013, os líderes da Câmara e do Senado ficaram de se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para decidir o rito da votação. A reunião, porém, não chegou a acontecer.
A votação dos vetos era feita de forma secreta, por meio de cédulas e urnas. A cédula permitia que o deputado ou senador votasse todos os vetos em globo ou individualmente. Com a promulgação da Emenda Constitucional 76, a votação passou a ser aberta, feita pelo painel eletrônico. Para economizar votações, optou-se pela votação em bloco dos vetos.
Na primeira sessão com voto aberto, a Mesa se baseou em um parecer de 1990 que determina como regra geral a votação em bloco dos diversos vetos sobre um mesmo projeto e dá aos líderes o poder de destacar outros dispositivos para votação em separado. O fato de o parecer ser baseado no rito com voto fechado causou polêmica, e foi decidido que ele valeria apenas para a votação de dezembro.
Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara