Na Ucrânia, Forças Armadas estão em "alerta total" contra Rússia

O governo interino ucraniano declarou ter colocado as Forças Armadas em “estado de alerta total”, nesta quarta-feira (30), contra a eventual “invasão russa”, mas assumiu não conseguir recuperar o controle no leste do país, onde a sua legitimidade é rechaçada por grande parte da população. No dia anterior, John Kerry, secretário de Estado dos EUA, que respaldaram o recente golpe na Ucrânia, voltou a “advertir” a Rússia, enquanto continua ampliando a sua presença militar na região.

Ucrânia - AFP

“Mais uma vez, volto a falar do perigo real de a Federação da Rússia começar uma guerra terrestre contra a Ucrânia,” disse o presidente interino Oleksander Turchinov, em um encontro entre governadores regionais na capital, Kiev. “As nossas Forças Armadas foram colocadas em estado de prontidão,” anunciou.

Turchinov, que foi posto de forma inconstitucional à frente do governo, em fevereiro, com o respaldo dos EUA e da União Europeia, admitiu que as forças armadas não têm conseguido reprimir os levantes contrários às autoridades interinas, principalmente nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país.

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Há duas semanas, a reação aos protestos regionais foi o lançamento de uma operação militar contra os civis, que o governo interino classificou de “terroristas”. Turchinov, do partido fascista e de extrema-direita União Pan-ucraniana “Pátria”, disse que o objetivo é impedir o “alastramento” da revolta às regiões de Kharkov e Odessa, classificadas pela mídia internacional de “pró-russas”.

As regiões são habitadas majoritariamente por descendentes de russos e os protestos foram impulsionados após a declaração de independência da Crimeia – referendada pela população – para a sua reintegração à Rússia, o que as potências ocidentais têm denominado “anexação” ou “ocupação” russa.

Na terça-feira (29), o Ministério de Relações Exteriores da Rússia voltou a rechaçar a possibilidade de uma intervenção militar na vizinha ucraniana. Serguei Riabkov, o vice-chanceler, reafirmou, de acordo com a agência de notícias Interfax: “Não estamos, de forma alguma – e sublinho isto – inclinados a repetir o chamado cenário Crimeia no sudeste da Ucrânia.”


Em contraste, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse em Washington que os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) devem impedir a redução dos seus orçamentos militares – ao contrário do que pedem os seus cidadãos, majoritariamente submersos na crise e em contestação do militarismo – e mostrem à Rússia “que o território da Otan é inviolável, que defenderemos cada pedaço dele.”

A Ucrânia, ressalve-se, não é parte da aliança, que ainda trata a questão como reminiscência da Guerra Fria, com declarações retrógradas sobre a “disputa de poder” na vizinhança russa, ou da antiga União Soviética. É justamente a intenção de ampliação da organização belicosa (em número de membros e espaço de atuação, ao leste europeu) o ponto central da atual escalada nas tensões regionais.

O governo interino, composto majoritariamente pelas forças fascistas que tomaram as ruas na Ucrânia, no fim do ano passado, programa eleições para 25 de maio, mas a medida foi rechaçada por manifestantes no leste, que a consideram uma “decisão de um poder ilegítimo”, de acordo com cidadãos de Donetsk. A região organiza um referendo para 11 de maio sobre a sua situação.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias