Coneg da UNE reafirma importância da assistência estudantil
O filho do pedreiro vai poder virar doutor”. Foi com essa palavra de ordem que teve inicio na manha deste sábado (31) mais um acalorado debate integrante do 62º Coneg da UNE. A mesa intitulada “Avaliação do processo de interiorização e a luta por assistência estudantil” lotou uma das salas do Prédio do Biênio da Universidade de São Paulo (USP) com estudantes das mais diferentes regiões do Brasil.
Publicado 31/05/2014 17:08

Entre os convidados estavam o pró-reitor de assuntos estudantis da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sergio Mendonça, a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Smaili, a mestranda em Historia Econômica pela USP, Rafaela Carvalho e o diretor de assistência estudantil da UNE, Patrique Campos.
Em sua fala, Sergio Mendonça defendeu o processo de interiorização e expansão vivido pelas universidades nos últimos anos. “Fato é que a universidade hoje começa a ter uma nova cara. Uma cara popular. E, se as camadas populares estão adentrando cada vez mais a universidade, torna-se urgente o avanço de uma politica de assistência estudantil efetiva”, enfatizou.
O Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), criado pelo governo federal em 2007, investia inicialmente 20 milhões no setor. Atualmente, este investimento é de 600 milhões. Para os debatedores, este valor ainda é insuficiente para acompanhar a velocidade da expansão de vagas e democratização das universidades.
“Nós precisamos fazer uma pressão muito grande para que esses recursos sejam cada vez maiores. Quem entrou na universidade, quer ficar, quer se formar com qualidade. O Pnaes ainda é um decreto presidencial que pode ser derrubado com a mudança de governo. Nossa luta é para que ele se torne lei e assegure cada vez mais a ampliação dos investimentos”, falou Mendonça.
Entrar é possível, permanecer é preciso
Para Rafaela Carvalho, a qualidade das expansões não acompanhou a quantidade.
‘Estudei em uma universidade do interior mineiro que não tinha restaurante universitário, não tinha biblioteca, muito menos laboratórios. O governo criou 14 novas universidades federais, mas só quantidade não resolve. Temos que pensar que é nossa formação que está em jogo e se não tem estrutura básica como é que a gente se forma?’’, indagou.
A reitora da Unifesp enfatizou que investimentos em pesquisa e extensão também são imprescindíveis para a boa formação dos estudantes.
‘A consolidação da universidade não passa somente pela construção de mais salas de aula. Queremos mais recursos para pesquisa e extensão, para a base cultural e vivencia do aluno’’, disse.
Já o diretor da pasta na UNE lembrou que atualmente a maioria dos novos egressos das universidades brasileiras sao mulheres.
“Lutar por políticas de assistência estudantil para as mulheres é combater o histórico de machismo e patriarcado dentro das universidades. Mais creches e suporte para as mães estudantes são itens de suma importância”, falou.
3° Seminário de Assistência Estudantil da UNE
A UNE promoveu entre os dias 9 e 11 de maio de 2014, na cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, a III edição do Seminário Nacional de Assistência Estudantil. Com o tema ‘’Entrar, Permanecer e Transformar a Universidade’’, o encontro foi marcado por debates, grupos de trabalho e mesas temáticas.
Os três dias de intensos debates resultaram na “Carta de Ouro Preto”, documento com as resoluções aprovadas no encontro, e no lançamento da campanha de Assistência Estudantil da UNE, intitulada “Entrar, Permanecer e Disputar a Concepção das Políticas de Assistência e Permanência Estudantil!”. A Campanha tem como objetivo a ampliação emergencial dos recursos para a assistência estudantil para R$ 2,5 bilhões, bem como a adoção de diversas medidas de apoio aos universitários, como bandejão, creches, rede wi-fi livre, apoio psicopedagógico e residências estudantil.
Fonte: UNE