ONU aponta aumento recorde de refugiados e deslocados pelo mundo
O número de pessoas que tiveram que deixar suas casas em todo o mundo, em 2013, ultrapassou os 50 milhões pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas. Enquanto organizações culpam as Nações Unidas pela falta de eficiência na resposta aos conflitos, a ingerência das potências belicosas nas crises e disputas políticas também deve ser ressaltada como fator decisivo para o aumento da insegurança e da instabilidade que vitimam civis.
Publicado 20/06/2014 16:48

No total, já havia 51,2 milhões de refugiados, requerentes de asilo e de pessoas que tiveram que se deslocar forçosamente no interior das fronteiras de seus países, de acordo com o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), intitulado “Custo Humano da Guerra”. Em média, 32.200 pessoas fugiram de suas casas diariamente em todo o mundo.
Mais de 50% dos refugiados são crianças, muitas viajando sozinhas e outras capturadas por traficantes de seres humanos, segundo o relatório de tendências globais publicado pelo Acnur nesta sexta-feira (20).
António Guterres, comissário da ONU para os refugiados, disse que o mundo testemunha um pico extremo no deslocamento forçado. Um total de 16,7 milhões de pessoas tem o estatuto de “refugiados”, ou seja, atravessaram as fronteiras de seus países procurando proteção, fugindo da perseguição por diversos motivos de violência definidos por instrumentos de direito internacional.
Deste número, mais de cinco milhões são palestinos, inclusive os que continuam nos territórios ocupados da Palestina, também considerados refugiados devido ao controle israelense imposto e a falta de efetivação do Estado da Palestina. Além deles, afegãos, sírios e somalis são 50% dos refugiados do mundo. Os principais países receptores são Paquistão, Irã, Líbano, Jordânia e Turquia.
As pessoas internamente deslocadas – que foram obrigadas a deixar suas cidades, vilas ou casas em busca de regiões mais seguras dentro do seu próprio país – alcançaram o recorde de 33 milhões.
Mais de 25 mil crianças pediram asilo para 77 países no último ano e, de acordo com o relatório do Acnur, esta é apenas uma pequena porcentagem do número de crianças deslocadas em todo o mundo. Segundo a ONU, as principais causas para a escalada dos números são as mudanças climáticas, o crescimento populacional, a urbanização, a insegurança alimentar e a escassez de água.
Além disso, a proliferação e intensificação de conflitos armados também é identificada como causa para o aumento em seis milhões de pessoas deslocadas – internamente ou para outros países – em comparação com 2012. Apenas do conflito sírio o resultado é de 2,5 milhões de refugiados, cerca de 40% da população do país árabe.
Para Guterres, assim como para organizações como a Anistia Internacional, o aumento no número de pessoas forçadas a deixarem suas casas representa a incapacidade da comunidade internacional de, primeiro, impedir a escalada dos conflitos e, segundo, de encontrar soluções.
Entretanto, diversos movimentos anti-imperialistas e críticos da política internacional advertem para o risco de estas conclusões levarem à justificação de intervenções militares pautadas pelas agendas imperialistas, que também são responsáveis pela própria desestabilização e pela situação de insegurança enfrentadas pelos civis em diversos países. O relatório do Acnur foi publicado por ocasião do Dia dos Refugiados.
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações do Acnur e de agências de notícias