Parlamentares apoiam CPI para apurar “escândalo do Aecioporto” 

O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) defendeu em discurso no plenário da Câmara, nesta segunda-feira (4), a instauração de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as denúncias de irregularidades na construção do aeroporto de Cláudio (MG), durante o governo do senador e candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB).

Aeroporto em Cláudio (MG)

“É preciso apurar com rigor o chamando ‘Aecioporto’. É necessário investigar esse escândalo da construção de um aeroporto com verbas públicas, para uso privado do Sr. Aécio Neves”, afirmou.

O deputado disse que já está conversando com os líderes partidários na Câmara e no Senado para viabilizar o apoio necessário para a instalação da CPMI. “Queremos iniciar a coleta de assinaturas ainda nesta semana”, anunciou.

Amauri Teixeira criticou ainda o fato de o senador Aécio Neves ter levado 11 dias – desde que foi publicada a denúncia na Folha de S.Paulo – para publicar um artigo no mesmo jornal tentando justificar o fato.

“E, mais grave, o tucano mente ao afirmar que o aeroporto de Cláudio era uma pista de terra que foi reformada. Isso é falso, basta verificar o edital para construção e conferir a transformação da área pelo Google Earth para confirmar que foi construída uma pista novinha, por R$14 milhões, sem aproveitar nada da velha”, argumentou.

A proposta de CPMI do “Aecioporto” é apoiada também pelo deputado Padre João (PT-MG). “O papel principal dessa investigação deveria ser da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, mas, infelizmente, o Legislativo mineiro é um apêndice do governo de Minas. Eles têm o controle total e não deixarão ser instalada a CPI que está sendo proposta pelo PT mineiro”.

Uso de verbas públicas

Padre João acrescentou que a investigação pode e deve ser feita pelo Congresso Nacional, porque o episódio envolve a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), uma vez que a pista de Cláudio está em uso sem autorização.

“A única solução para apurar esse escândalo de uso ilegal de recursos públicos é a CPMI aqui do Congresso”, acrescentou Padre João. Ele lembrou que o aeroporto do Ceará custou aos cofres públicos R$17 milhões e vai beneficiar a população de um estado inteiro. “Enquanto Aécio Neves, quando governou Minas Gerais, gastou R$14 milhões para beneficiar apenas uma família, a dele”.

Para Padre João é “inconcebível” um governo não ter dinheiro para a educação ou para uma simples vistoria no interior do estado, mas “gastar milhões com interesse particular”. O caso dos aeroportos de Cláudio e de Montezuma – todos próximos à fazenda da família de Aécio Neves, segundo o deputado do PT mineiro não são fatos isolados. “Lamentavelmente, temos denúncias do uso verbas públicas, por exemplo, para a Rádio Arco Iris, da família do tucano”, afirmou.

Dívida com a população

O deputado Nilmário Miranda (PT-MG) enfatizou que o candidato tucano está em dívida com a população brasileira sobre o “Aécioporto”. “O senador Aécio Neves ainda não conseguiu explicar esse escândalo. Todas as suas argumentações até agora foram insuficientes ou falsas. Ele, por exemplo, não conseguiu justificar a importância comercial de Cláudio, que hoje tem 63 fundições de ferro e alumínio e é responsável apenas por 0,002% das exportações do País”. Nilmário lembrou ainda que Cláudio fica bem próximo a Divinópolis, que tem um aeroporto capaz de atender toda a região.

Na avaliação de Nilmário Miranda, um candidato à Presidência da República como Aécio Neves, que prega a ética e a moralidade, “tem a obrigação de vir a público dar as explicações que o Brasil merece”.

Além do aeroporto de Cláudio, Aécio Neves reconheceu ter usado outra pista, em Montezuma (MG), construída na década de 1980 e reformada durante o seu governo em Minas Gerais. Na região, fica uma fazenda que Aécio herdou do pai. As duas pistas funcionam sem a homologação da Agência Nacional de Avião Civil, o que é proibido.

Da Redação em Brasília
Com Informes PT