Exército toma controle de 13 cidades no México

Na tentativa de descobrir o paradeiro dos 43 estudantes desaparecidos, o governo do México assumiu o controle de 13 municípios da região onde aconteceu o sequestro em massa de jovens no fim de setembro, o que tem sido apontado como uma ação coordenada entre a polícia local e o crime organizado.

México - EFE

Em entrevista coletiva realizada no domingo (19), a Procuradoria Geral da República informou que a Polícia Federal, com o apoio do Exército mexicano, será a instituição encarregada pelo controle de segurança pública nos locais em que aconteceram os desaparecimentos.

O chefe da Comissão Nacional de Segurança, Monte Alejandro Rubido, declarou que foram identificadas “irregularidades” nessas corporações municipais, o que pode indicar ligações entre funcionários da segurança pública e membros do crime organizado.

Rubido ainda informou que existe uma "orientação" do presidente Enrique Peña Nieto de "trabalhar permanentemente na localização dos 43 estudantes para encontrar e prender todos os responsáveis". O incidente tem gerado críticas à gestão do chefe de Estado, por evidenciar a corrupção das forças de segurança.

Entenda o caso

No dia 26 de setembro, 80 estudantes da escola rural para professores Raúl Isidro Burgos, da cidade de Iguala, viajavam em ônibus da empresa Costa Line. Eles estavam se organizando para coletar fundos para pagar a escola, uma das tantas instituições rurais que, no México, representam a única forma de obter um nível de educação aceitável para milhares de estudantes.

Quando já iam sair dali, alguns patrulheiros da polícia municipal quiseram parar a caravana, que, no entanto, continuou. Os policiais, então, começaram a disparar em direção aos ônibus. O saldo foi de seis mortos, três dos quais estudantes, e 20 feridos. Cinquenta e sete estudantes despareceram, sendo que 20 deles, como afirmam testemunhas oculares, foram levados à força por policiais.

Quase duas semanas depois, 43 estudantes ainda estão desaparecidos. Nas últimas semanas, foram expostos vínculos entre a polícia municipal de Iguala e o grupo criminoso conhecido como Guerreiros Unidos. O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, do Partido da Revolução Democrática (PRD), se encontra em paradeiro desconhecido desde então.

Na semana passada, peritos da Procuradoria Geral da República do México afirmaram que os 28 corpos encontrados nas primeiras cinco valas clandestinas analisadas (de um total de 14) no município de Iguala, no estado de Guerrero (a cerca de 200 km a sudoeste da Cidade do México), não correspondem aos estudantes desaparecidos.

A falta de informações e a demora nas investigações têm provocado protestos no país. Nos últimos dias, centenas de estudantes de distintas partes do país marcharam em silêncio para exigir a localização dos jovens sequestrados. Professores chegaram a bloquear agências bancárias e estudantes tomaram duas rádios para informar a população a respeito do motivo dos protestos. Os manifestantes também pediram a destituição do governador de Guerrero, Ángel Aguirre Rivero.

Fonte: Opera Mundi