O Congresso, o Planalto, o ódio e junho de 2013

“Sem partido!”, “Sem partido!”, “Sem partido!”. Quem participou daquelas manifestações em junho do ano passado deve se lembrar dessas incansáveis palavras de ordem que a todo momento eram gritadas por milhares que estavam nas passeatas. Não é preciso se alongar muito para dizer que o sentimento anti partidos políticos ou organizações do movimento social era visível. Bandeiras foram queimadas, militantes foram agredidos… E agora, qual o legado dessas manifestações? 

Por Igor Augusto*

Inácio: Legislativo deve discutir reivindicação de manifestantes - Agência Senado

O Congresso…

Logo após o primeiro turno das eleições, uma pesquisa feita pelo Diap mostrou que a bancada do Congresso Nacional é a mais conservadora desde a Ditadura Militar. As bancadas LGBT, Sindical e Direitos Humanos tiveram uma baixa em sua composição, enquanto que as bancadas Ruralista, Militar e Evangélica tiveram um aumento massivo. O homofóbico Marco Feliciano e o neo-nazista Jair Bolsonaro foram eleitos com folga para representar o “povo” brasileiro.
Ainda em junho do ano passado, eu sempre soube que havia alguém ou algo por trás de todo aquele sentimento agressivo que beirava o fascismo. Nessas eleições posso confirmar o que disse. Cansei de olhar para os cartazes que diziam “Queremos mais educação”, “Queremos mais saúde” e “Queremos uma nova política”. Essa é a ‘nova’ política: uma bancada cheia de conservadores que é capaz de barrar quaisquer projetos progressistas chamados por eles de ‘polêmicos’.

… O Planalto…

Nessa onda conversadora que caiu sobre o Congresso, outra onda também tomou conta das eleições presidenciais. O quadro estava quase consolidado: Dilma em crescimento, Marina em declínio e Aécio no fundo do poço. E para a surpresa de todos, o candidato tucano arrebatou 34% dos votos. Mais uma vez a velha polarização entre PT e PSDB. Porém, não só a polarização estava em jogo, mas algo maior e mais cruel.

Nortistas e nordestinos foram agredidos pelas redes sociais por darem massivamente seu voto a Dilma Rousseff. Foram chamadores de rudes, “dependentes do bolsa família” e até de desinformados pelo ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso. Parte dos eleitores de Aécio em São Paulo mostrou ainda mais agressividade, criando um sentimento separatista entre São Paulo e o resto do país.

… E o ódio!

O ódio xenófobo, racista e homofóbico agora tem rosto e identidade. Ninguém escondeu esse ódio nem mesmo nas redes sociais como o facebook e o twitter. Em um vídeo publicado pela Folha de São Paulo nos últimos dias mostrou claramente esse sentimento. Um dos eleitores do tucano dizia que o Brasil tem poucos negros porque ele foi colonizado por brancos. É de assustar!

Com todos esses argumentos eu deixo também uma crítica à esquerda que ao eleger finalmente um presidente progressista e comprometido com o povo, deixou as ruas de lado e esqueceu-se de se oxigenar e buscar novas formas de atuação. Junho de 2013 mostrou que não há espaço vazio nas ruas e a ala conservadora da política brasileira soube disso e tentou se apropriar das passeatas da maneira mais cruel possível. No dia 26 de outubro, você vai optar não apenas por algum dos dois projetos que são apresentados, mas entre um projeto conservador e outro popular. Quem são eles? Não vale a pena dizer depois de tudo que apresentei aqui. Cabe a você decidir!

*É da direção do PCdoB de Belém e da comunicação da UJS Pará