EUA desenharam golpe de Estado na Ucrânia, afirma ex-premiê
O ex-premiê de Ucrânia Nikolai Azarov (2010-2014) descartou, neste domingo (22), que o golpe de Estado ocorrido há um ano em Kiev tenha sido elaborado por opositores, e assegurou que foi desenhado pelos Estados Unidos.
Publicado 23/02/2015 12:54

“O roteiro não foi escrito em Kiev, mas na embaixada de Estados Unidos”, reiterou Azarov em uma longa entrevista ao canal russo NTV a propósito do primeiro aniversário do derrocamento do presidente Víktor Ianukóvitch.
“Os patrocinadores-chave não estavam no Maidán (epicentro das revoltas que desembocaram no golpe). Nenhuma dessas marionetes realmente gerenciou nada e não tiveram nenhuma influência”, disse em relação aos líderes opositores.
Azárov recordou que o atual premiê da Ucrânia, Arseny Iatseniuk, ia todos os dias se consultar com a delegação diplomática de Washington em Kiev para saber que novas demandas antigovernamentais devia incorporar.
Ao referir-se ao documento assinado em 21 de fevereiro de 2014 por Ianukóvitch e pelos líderes opositores com os chanceleres da Alemanha, França e Polônia como garantias do cumprimento de suas cláusulas, o qualificou de uma grande traição.
“Este documento ingressará na história da diplomacia como o limite do cinismo, da traição e do engano. O que tinham desenhado era o palco líbio para Ianukóvitch, pois o plano era que caísse em mãos da multidão e fosse assassinado como Kadafi”, sustentou.
Ele Indicou que o roteiro golpista começou desde que Víktor Iuchtchenko perdeu as eleições para Ianukóvitch em 2010, e a nova administração disse claramente que a Ucrânia não ia ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Esta linha não convinha de maneira nenhuma aos Estados Unidos em primeiro lugar, e certamente a alguns de nossos sócios de então na União Europeia”, refletiu o ex-chefe do Executivo ucraniano.
“Levou-se a cabo um planejamento muito sério do golpe e devo ser crítico ao reconhecer que não lhe prestamos a devida atenção à preparação de grupos paramilitares nas regiões ocidentais da Ucrânia e em países vizinhos”, observou. “Os corpos de segurança alertaram a respeito da presença destes esquadrões extremistas que se treinavam na Lituânia e na Polônia e se ocultavam entre agentes dos corpos da ordem e a polícia”, destacou durante a entrevista.
“Em Kiev aplicou-se a mesma tecnologia que na Líbia e na Síria e que se pretendeu impor em 2014 na Venezuela”, concluiu o ex-premiê.
Depois de quase um ano no anonimato acolhido à proteção das leis de Rússia, Azarov reapareceu recentemente e apresentou o livro ‘Ucrânia na encruzilhada’, onde revela interioridades das revoltas iniciadas em novembro de 2013, que desembocaram no golpe de Estado e na atual guerra civil.
Fonte: Prensa Latina