Rilton Primo: Corrupção e o futuro do Brasil
Sistemas rigorosos serão criados para punir corrupto e corruptor. Enquanto não forem implantados, corruptores permanecerão buscando interesses privados quaisquer e ainda penetrarão nos quadros dos poderes públicos e pretenderão que todos acreditemos que a política nada mais será que o quintal de seus egos e projetos antissociais. Meios de comunicação privados massificarão esta ideia dia e noite, ainda.
Por Rilton Primo*, sob o título original "Futurologia – Brasil 2015"
Publicado 08/03/2015 16:54

Nos EUA nem se rediscutirá o assunto. Os políticos ainda serão os próprios milionários, sócios-serviçais dos bilionários e trilhardários. Na Europa uma profunda crise despertará a fobia das invasões do oriente. A África tentará libertar a Ilha de Reunión e Maiote dos franceses, a Oceania tentará libertar dos mesmos franceses Nova Caledônia, Wallis e Futuna e Marquesas, o Arquipélago da Sociedade e a Polinésia; as Américas tentarão libertar ainda dos franceses a Guiana, São Pedro e Miquelão, São Martinho e São Bartolomeu, Guadalupe e Martinica; a Antártica tentará libertar dos recalcitrantes franceses a Terra Adélia, Kerguelen, Crozet, Amsterdam e São Paulo. E os franceses serão os que menos devolverão.
A Argentina lutará definitivamente pelas Malvinas. Guantánamo estará prestes a ser devolvida a Cuba, que discursará, pela milésima vez, pelo desarmamento termonuclear.
No Brasil, investigações começarão e condenações se concretizarão. Pessoas com espírito público entrarão na República e decidirão enfrentar os meios de massa que, conforme previsto nas reuniões com a base aliada, tratarão de manter suas reputações sob permanente bombardeio de verdades, meias-verdades, inverdades.
A guerra psicológica não será suficiente para detê-los, a República oscilará entre 1) as esperanças esquerdistas das massas e classe média, de higiene política geral e 2) as orquestrações de golpes das elites vezeiras em açambarcar mercados e Estado impunes. Forças paramilitares serão arregimentadas contra a República. Acidentes, orquestrações e factoides serão servidos pontualmente nos jornais da manhã, da ceia e da meia-noite, entrecortados de reportagens sobre crimes apocalípticos.
A principal empresa de energia não renovável sofrerá ataques internos e externos. As demais empresas de energia, aeroportos, portos, bancos, indústrias e telecomunicações terão seus principais contratos revistos e sucessivos escândalos de corrupção surgirão, envolvendo os engenheiros dos sistemas rigorosos criados para punir corrupto e corruptor.
Eles serão punidos e o Sistema será religado. Como hoje, crescerá o número de afrodescendentes, mulheres e índios nas universidades, cargos decisórios, STF, MPF e PF. A maturação do processo conduzirá o país a um grau de tensão incomum e dual, com crescentes provocações e tentativas de transferência de responsabilidade, a par de uma corrupção em queda. A economia ganhará fôlego, calculadamente. Os partidos de centro perderão força após traições. As estabilidades econômicas e políticas acelerarão o PIB. A República reverdecerá e deixará as esperanças golpistas nos limbos fascistoides de origem.
Apenas uma força exógena poderia tirá-los de lá, e isto os fará apátridas venais. A República terá previsto isto também e a contraespionagem os deixará sonhar. Segundas forças exógenas neutralizarão aquela. A julgar pela antiga resposta de Obama, já está neutralizada desde 2011, quando do seu discurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro: “Compreendemos que nenhuma nação deve impor sua vontade à outra, mas também sabemos que todos querem ser livres e poder escolher como somos governados. Não são ideias brasileiras nem americanas, são universais”.
Uma era de florescimento se acercará do Brasil que, em seguida, poderá seguir mais de perto a China e co-liderar os países não-alinhados a Washington em direção a uma nova pax global com ilimitada capacidade de avanço e disseminação das tecnologias. Se isto ocorresse, diriam que repetimos a história de mil anos atrás, quando a Procuradoria Geral da República deixou definitivamente de engavetar os processos, e nisto a reação estaria certa e, como quase sempre, alinhada ao discurso oficial dos EUA: “Durante décadas se disse que o Brasil era o país do futuro. Se é assim, o futuro chegou”, disse Obama, ainda àquela oportunidade. “A esperança venceu nos lugares onde o temor prevalecia”, concluiu o mandatário estadunidense.
*Economista, consultor do Centro de Estudos pela Amizade da América-Latina, Ásia e África (CEALA)